A Bahia e mais sete estados brasileiros registraram nas últimas semanas a chegada de encomendas com “sementes misteriosas” vindas da China e outros países asíaticos. O governo chinês, por sua parte, nega que os pacotes sejam enviados do país. Além do Brasil, também foram registrados casos em países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, entre outros.

O mistério ainda não tem solução definitiva, mas o Departamento de Agricultura dos EUA já trabalha com a possibilidade de que as encomendas indesejadas estejam relacionadas a uma fraude conhecida como “brushing”.

Essa prática se trata do envio de mercadorias não solicitadas com o objetivo de registrar compras falsas. A semente entra na jogada apenas para não deixar o pacote vazio. Isso explicaria por que as autoridades até agora não encontraram sinais de tentativas de bioterrorismo ou contaminação.

Entenda a fraude
Mas por que enviar uma encomenda para alguém que não a solicitou? Essa estratégia é adotada por sites que operam no modelo de “marketplace”, em que um único portal de compras oferece produtos de muitas lojas diferentes.

Os golpistas fazem cadastro e compram em lojas on-line como se fossem clientes, usando endereços reais de vários países que são roubados de bancos de dados. Com a conta falsa, eles ficam sabendo quando a “encomenda” foi entregue e, então, podem fazer uma avaliação positiva para a própria loja.

A reputação de cada vendedor nesses sites ajuda a aumentar as vendas, tendo impacto na posição dos produtos nos resultados de busca e na confiança do cliente. Como muitos sites de comércio eletrônico do tipo “marketplace” obrigam os vendedores a registrar um código de rastreamento em cada pedido, os golpistas se veem obrigados a enviar algum produto.

Para que a fraude tenha sucesso, também é preciso usar uma variedade de endereços válidos. Do contrário, os pacotes poderiam ser recusados e retornados. Além disso, os sistemas das lojas poderiam levantar suspeitas se os mesmos endereços fossem usados para muitas compras.

Os endereços usados no “brushing” são normalmente oriundos de dados vazados de lojas ou de outros pedidos realizados pelo consumidor. Para baratear a prática, são enviados itens baratos e leves é para reduzir os custos de frete e da mercadoria. Por isso as sementes são escolhidas.

Em alguns casos, também há situações em que consumidores recebem produtos maiores ou de valor superior. Isso ocorre quando o “brushing” tem o objetivo de melhorar a avaliação do produto em si, não só de uma loja, e o site de comércio eletrônico é mais restritivo com suas regras para validar pedidos. Correio da Bahia