O governador do Amazonas, José Melo (Pros) foi acusado de negociar o apoio de uma facção criminosa, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, para a sua reeleição, em 2014. Um diálogo entre o então subsecretário de Justiça do Amazonas, major Carliomar Brandão, e o traficante José Roberto, um dos líderes da facção, chegou a ser gravado e divulgado durante a campanha eleitoral. 
 
No áudio, o traficante promete até 100 mil votos para José Melo. Em troca, o bandido pede que ele 'não os prejudique'. O representante do governo então afirma que 'ninguém vai mexer' com os bandidos. Na ocasião, o major Brandão foi exonerado do cargo. “A mensagem que ele (governador) mandou pra vocês, agradeceu o apoio e que ninguém vai mexer com vocês, não”, diz, no áudio, o major Brandão.
 
No último domingo (1º), o Compaj foi palco de uma rebelião que durou mais de 17 horas e deixou pelo menos 60 mortos. O problema teria começado após uma briga entre facções rivais. Presos foram mortos e tiveram seus corpos jogados para fora do local, que fica em uma rodovia. Já um grupo de carcereiros foi feito refém. Eles foram liberados aos poucos pelos bandidos.
 
Fugas também foram registradas. O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia afirmou que o Poder Público precisa reassumir o controle das penitenciárias e dos presídios do país, que segundo ele, são controlados por facções criminosas
 
Lamachia disse que as notícias sobre a rebelião confirmam que a brutalidade no sistema penitenciário brasileiro “virou rotina” e que não há “ineditismo” no caso, destacando que nos últimos anos episódios parecidos ocorreram no Maranhão, Pernambuco e Roraima. “O Estado brasileiro precisa cumprir sua obrigação de resolver esse problema com a rapidez e a urgência necessárias, sem paliativos que somente mascaram a questão”, disse o dirigente em nota.