A delegada da Polícia Federal Silvia Amélia foi a 18ª da carreira a ser punida por atingir os interesses do presidente Bolsonaro ao fazer o seu trabalho. Ela comandava a Diretoria de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça. O órgão do Ministério da Justiça é responsável por pedidos de extradição, e formalizou a solicitação para que os Estados Unidos prendam e extraditem o ativista bolsonarista Allan dos Santos, cuja ordem de prisão foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Silvia Amélia foi removida da função.

Segundo levantamento do Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, outros 17 casos como esse foram registrados ao longo do governo Bolsonaro. Ricardo Saadi: vítima da intriga de policiais bolsonaristas no RJ. Ele era superintendente da PF no RJ, e sua troca foi anunciada na portaria do Palácio do Alvorada, em agosto de 2019. Maurício Valeixo: ex-diretor-geral da PF, entrou no radar bolsonarista quando defendeu Saadi e contradisse Bolsonaro dizendo o desejo de Bolsonaro demiti-lo não era por produtividade.

Rolando de Souza: ex-diretor que substituiu Valeixo, resistiu à pressão de Bolsonaro, que queria trocar alguns cargos na PF. Denisse Ribeiro: Bolsonaro tentou tirar dela o inquérito dos atos antidemocráticos, que só voltou para suas mãos depois de decisão judicial. Bernardo Guidali Amaral: delegado do Serviço de Inquéritos Especiais, pediu a abertura de um inquérito para investigar Dias Toffoli, acusado de receber propina de R$ 4 milhões em troca de uma decisão do TSE.

Felipe Leal: delegado que era responsável pelo inquérito que apura a interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Questionou a cúpula da instituição sobre afastamentos de delegados no âmbito do inquérito que investigava a intervenção de Bolsonaro na PF. Hugo Correia: ex-superintendente do DF, acusado de dar liberdade demasiada para seus subordinados que investigavam o círculo bolsonarista.

Alexandre Saraiva: delegado no Amazonas, investigou Ricardo Salles na operação que o relacionou com um grupo que exportava madeira da Amazônia ilegalmente. Thiago Leão: delegado responsável pela operação Handroanthus, responsável pela maior apreensão de madeira ilegal da história da PF e que também investigava Ricardo Salles. Max Eduardo Pinheiro: teve uma promoção no Amapá negada porque teria autorizado Alexandre Saraiva a dar entrevista sobre investigação sobre Salles.

Franco Perazzoni: sua ida para a chefia do combate ao crime organizado no Distrito Federal foi vetada depois que negou acesso à cúpula da PF acesso ao inquérito que investigava Salles. Rubens Lopes da Silva: delegado da Operação Akuanduba, que investiga corrupção no contrabando de madeira da Amazônia para o exterior e envolvia Ricardo Salles. Perdeu a chefia da Divisão de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente, que tocava a investigação.

Rodrigo Fernandes: delegado que investigou o atentado contra Bolsonaro. Ele concluiu que não foi um complô da esquerda e, por isso, teve sua promoção negada. Graziela Costa e Silva: a delegada coordenou um abaixo-assinado em apoio a Felipe Leal. Ela também teve uma promoção negada. Carla Patrícia Cintra Barros da Cunha: ela foi removida da chefia da Superintendência de Pernambuco porque apoiadores do presidente apontavam supostas ligações da delegada com o governo do estado, do PSB.

Daniel Grangeiro: trabalhando em Maceió (AL), atingiu dois aliados de Bolsonaro, o presidente da Câmara Arthur Lira por rachadinha e um desembargador próximo a Humberto Martins, do STJ. Antonio Marcos Lourenço Teixeira: comandava a segurança de Bolsonaro na eleição. Na ocasião, brigou com um motorista que destravou a porta do carro onde Bolsonaro estava a pedido do então candidato, que queria abraçar a multidão. Neste ano, foi afastado da chefia do Comando de Operações Táticas.