Wagner Lopes | CC

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, está com o nome na boca do povo que circula entre o Congresso e o Palácio do Planalto em Brasília. Apontado como um dos focos de embate dentro da equipe de Lula e de entrave na articulação política, Costa é direto ao responder: “O que eu tenho efetivamente a ver com isso? Nada. Eu não cuido da articulação política.”

O ministro faz um diagnóstico pragmático do cenário enfrentado pela equipe de Lula. “O presidente enfrenta um cenário muito difícil. O governo anterior abriu mão de governar. O Congresso capturou 50% do Orçamento. Não há país no mundo que funcione dessa forma. É preciso chamar à reflexão disso. As chances de uma governança efetiva nesse modelo são pequenas”, diz.

O chefe da Casa Civil diz que a destinação de verba pública hoje está funcionando na modalidade “aerosol”, dispersa. “É uma política pulverizada. O dinheiro é pulverizado. E o que é o aerosol? Quando você olha, não vê nada.” Com o governo acusado de pouca responsabilidade fiscal – e um mercado que faz muito preço e barulho em cima dessa imagem – Costa reage.

“O governo tem cuidado de tapar os buracos que recebeu. Não tem grande benefício que tenhamos criado do zero. O que fizemos –e estamos fazendo– é tentar conter as várias frentes (de gastos).” O Planalto vive uma semana difícil, com a derrota da alternativa oferecida por Fernando Haddad (Fazenda) à desoneração –regime de tributação diferenciada para 17 setores da economia.

Costa, apontado como crítico de Haddad internamente, se distancia do episódio, diz que nem no Brasil estava quando houve o embate com o Senado, e que a crise “abre também uma janela de oportunidade”. “Empresários, Congresso e Fazenda têm agora de efetivamente encontrar uma saída para compensar a desoneração. É na negociação que vai resolver.” G1