Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

O governo federal não conseguiu cumprir até agora nem metade da meta de exames previstos para a Covid. Os testes que identificam se alguém está infectado estão chegando incompletos aos estados. No Tocantins, os resultados de exames de 212 indígenas levaram mais de dez dias.

“Isso atrapalha e muito o trabalho que nós estamos fazendo”, alerta Delmar Junior, secretário de Assistência Social de Formoso do Araguaia/TO. Na Paraíba, o estoque de kits para o teste do tipo PCR só deve durar mais uma semana.

“A gente espera que esse abastecimento por parte dos fornecedores e a resposta do Ministério da Saúde seja a mais rápida possível”, diz o diretor do laboratório central PB, Bergson Vasconcelos.

Para Rondônia, o Ministério da Saúde enviou apenas 24 kits nos últimos quatro meses. No Distrito Federal, dados da Secretaria de Saúde mostram que só há disponíveis 300 testes do tipo PCR. E o estoque do reagente usado está zerado.

Uma reportagem publicada nesta segunda-feira (13) pelo jornal O Estado de S. Paulo, e confirmada pela TV Globo, mostra que o Ministério da Saúde enviou aos estados o número bem menor de kits do que o prometido. E grande parte chega incompleta.

O primeiro passo do exame do tipo PCR é a coleta de material do nariz ou da faringe do paciente, a partir do segundo dia após o início dos sintomas. Há falta de coletores para fazer a extração da amostra. Depois, o laboratório usa reagentes para identificar a existência do material genético do coronavírus. Muitos estados reclamam que esses reagentes estão em falta.

A diretora da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica disse que os reagentes não são produzidos no Brasil, o que limita muito a realização dos testes.

“Hoje os laboratórios privados já têm uma capacidade de produção maior, mas são emperrados por uma dificuldade de obter os reagentes para extração do RNA. A gente é dependente da indústria internacional”, afirma Priscilla Franklin Martins.

Em maio, o Ministério da Saúde disse que o país estaria pronto em julho para fazer 70 mil testes do tipo PCR. Mas o último boletim epidemiológico da pasta registrou que a média diária de testes PCR junho foi de 14,5 mil testes por dia. Apenas 20% da meta do governo.

O especialista Sergio Cimerman ressalta que os testes do tipo PRC são fundamentais para o país conseguir colocar em prática uma estratégia eficiente de combate ao coronavírus, já que servem para saber se alguém está infectado.

“A questão é testar, testar e testar de forma incessante. A grande importância é os testes moleculares. Ele é importante porque ele dá o diagnóstico da doença de forma aguda.”

O Ministério da Saúde afirmou que está comprando equipamentos, testes e insumos e firmando parcerias público-privadas, que vai começar a distribuição semanal de 200 mil kits de coleta, compartilhar plataformas de extração de material genético usadas para testes de HIV e que tem o objetivo de chegar a cerca de 60 mil testes por dia. G1