Foto: José Dias/PR

O Ministério da Saúde demorou três meses para responder à Organização Panamericana de Saúde (Opas) se desejaria ou não efetuar compra de 40 milhões de seringas. Quando o fez, optou pelo prazo de entrega mais demorado, escolhendo frete por navio, e não por avião. As informações foram obtidas pelo jornal O Globo, com base na Lei de Acesso à Informação (LAI).

Desde 8 de setembro, a Opas enviou orçamentos à Saúde, que se queixou do preço dos insumos, que totalizavam US$ 4.679.406,76 (aproximadamente R$ 25,7 milhões) — quase US$ 0,11 por unidade (R$ 0,60). O primeiro orçamento enviado pela Opas previa a entrega por via aérea, o que aceleraria a chegada das seringas no Brasil já em dezembro, com finalização das entregas em fevereiro.

Na ocasião, o orçamento foi avaliado pela secretaria executiva do ministério, que argumentou que “o preço internacional não estava compatível com o preço ofertado pelo mercado brasileiro, em especial pela alta do dólar em relação ao real naquela época”.

A pasta decidiu fechar contrato com a Opas somente em 10 de dezembro, após um novo orçamento apresentado em 7 de dezembro, e optou pela entrega marítima, mais demorada, com previsão de remessa somente a partir de janeiro e sem definição para conclusão delas. O preço final foi fixado em US$ 1.368.976,76 (R$ 7.534.296), aproximadamente US$ 0,03 por unidade (R$ 0,17).

O primeiro contato da pasta com a organização foi em 10 de agosto, quando o ministério questionou a Opas sobre a possibilidade de fornecimento de 40 milhões de seringas por meio do fundo rotatório. Diante da falta de definição sobre a importação de seringas via Opas, o governo foi alertado de que isso poderia acarretar um prazo ainda maior para a chegada dos insumos no país.