Um grupo composto por advogados e entidades denominado Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral protocolou, nesta quinta-feira (18), no Supremo Tribunal Federal (STF), uma notícia-crime contra empresários que, em um grupo de WhatsApp, defenderam um golpe de Estado em caso de uma eventual eleição do ex-presidente Lula (PT), no pleito de outubro.

Eles querem, de acordo com colunista do G1, Andreia Sadi, que esse pedido seja investigado no âmbito do inquérito das milícias digitais. Essa investigação está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que nesta semana assumiu a presidência do TSE.

O inquérito apura a atuação de um grupo que busca atacar a democracia e se articula em núcleos (a suspeita é que o grupo tenha sido abastecido com dinheiro público).
A coalizão que entrou com a ação pede que sejam investigados Luciano Hang (dono da Havan), Afrânio Barreira Filho (do Grupo Coco Bambu), Ivan Wrobel (da construtora W3 Engenharia) e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo (dono da marca de surfwear Mormaii).

Além disso, o grupo solicita que sejam requeridos os celulares dos noticiados e dos demais membros do grupo de WhatsApp denominado “Empresários & Política”; a quebra de sigilo telefônico para verificar a autenticidade das mensagens trocadas; e a investigação sobre a atuação dos denunciados na preparação e financiamento dos atos do próximo dia 7 de setembro.

“No material divulgado há elementos indiciários a demonstrar uma possível organização de empresários, que trama desestabilizar as instituições democráticas, defendendo a necessidade de exclusão dos Poderes Legislativo e Judiciário, atacando seus integrantes, especialmente e pregando a própria desnecessidade de tais instituições estruturais da Democracia brasileira, falando em golpe com todas as letras”, afirma o documento.

“Os fatos descritos demonstram inequivocamente a vontade, livre e consciente dos noticiados de perturbar a eleição de 2022, alimentando de forma sistemática um discurso de descrédito às urnas eletrônicas, às instituições da Justiça Eleitoral, aos ministros que tiveram ou que estão na jurisdição eleitoral no Tribunal Superior Eleitoral. As ameaças de ruptura institucional discutidas por pessoas com grande poder econômico dispostas a patrocinar atentados contra instituições não podem ser relativizadas”, prossegue o texto.

Entenda

Uma reportagem publicada pelo site Metrópoles divulgou mensagens compartilhadas por empresários bolsonaristas em um grupo de WhatsApp defendendo um golpe de Estado caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito no pleito de outubro de 2022.

De acordo com o colunista Guilherme Amado, que publicou a notícia, as declarações foram escritas no grupo chamado Empresários & Política, criado em 2021.

Além da ameaça de um golpe, os empresários atacam frequentemente as instituições brasileiras como o STF (Supremo Tribunal Federal), TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e aos opositores da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Sobre o caso, a defesa do empresário Luciano Hang, um dos que se manifestou no grupo de mensagens a respeito do tema, emitiu nota no qual o executivo afirma que “em momento nenhum falei sobre os Poderes. Inclusive, quase nunca me manifesto nesse grupo. Sou pela democracia, liberdade, ordem e progresso”.

O também empresário José Khoury disse, ao site Metrópoles, não defender um golpe, mas em seguida confirmou que “talvez preferiria” a ruptura a uma volta do PT.

Morongo afirmou que não apoiará qualquer “ato ilegítimo, ilegal ou violento”. Meyer Nigri, da Tecnisa, disse que pode “ter repassado algum WhatsApp” que recebeu, o que não significa que concorde.

Afrânio Barreira, do Coco Bambu, afirmou que não se manifestou a favor de “qualquer conduta que não seja institucional e democrática”.

Em nota ao mesmo portal, a assessoria de imprensa do grupo Multiplan disse que o empresário José Isaac Péres “sempre teve compromisso com a democracia, com a liberdade e com o desenvolvimento do país”.