Na oração, o senador, que não foi reeleito, falou em luta contra “os tentáculos da esquerda”. Nem bem passou a euforia do momento e já começaram a viralizar, em redes sociais, imagens de Malta que nada lembravam a cena do discurso de vitória em que ele, literalmente, deu as mãos a Bolsonaro. Entre as fotos que se tornaram virais, o senador é visto ao lado do presidente Temer (MDB) e da ex-mandatária petista Dilma.

 

Um seguidor do Facebook pediu, em um post feito na página oficial do senador, que ele “fizesse uma defesa disso” pois estão “querendo manchar sua honra”. Até a publicação deste texto, Malta não havia respondido. Procurado pela Folha, o baiano com domicílio eleitoral no Espírito Santo também não comentou os episódios segundo informações do Folhapress.

 

Em entrevista no começo do ano, quando ainda era cotado para a vice presidência da chapa que lançaria Bolsonaro como candidato, Malta disse que “foi enganado pelo PT”. “Em 2002 viajei pelo Brasil 'desatanizando' Lula. Mas o eleitor sabe que, assim como ele, eu fui enganado. Fizeram [os petistas] striptease moral em praça pública”, disse, na época. Malta é senador pelo PR, partido do chamado centrão, e é cotado como ministro de Bolsonaro.

 

No primeiro turno, após ser cortejado por outras legendas, o centrão declarou apoio ao tucano Geraldo Alckmin, que ficou em quarto lugar na disputa presidencial. O centrão esteve ao lado dos governos de Dilma, de Lula e quando Temer assumiu a presidência, após o impeachment.  Em um texto disponível no site de Malta, o senador pede votos a Dilma, na época em sua primeira candidatura.

 

“Se minha mãe, dona Dadá, estivesse viva, chamaria Lula de ‘meu filho’. Sabem por que: Lula e a Dilma encontraram o Brasil com 40 milhões de miseráveis, gente passando fome”, disse o senador, em discurso no Espírito Santo, segundo o texto. Outra frase, também encontrada no site oficial do senador, Malta diz: “Eu sou Dilma e nela eu confio de olhos fechados. Vocês podem não saber, mas quem sempre esteve por trás do nosso presidente é esta mulher que muito fez pelo estado [do ES], enquanto ministra-chefe da Casa Civil”.

 

No Instagram de Malta há uma selfie com Temer —uma das fotos que se tornou viral nos últimos dias. A foto foi feita no Palácio do Planalto, quando Malta se encontrou com o atual presidente para “agradecer o envio das tropas ao Espírito Santo”. O ano era 2017 e uma greve de Policiais Militares provocou uma onda de violência que resultou em mortes, saques, interrupção de aulas nas escolas, paralisação de ônibus e fechamento de shoppin gs na Grande Vitória.