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O IBGE identificou um cenário aparentemente contraditório na situação financeira da Previdência Social: nunca tantos brasileiros contribuíram – mas isso não resolve o buraco nas contas. O número de trabalhadores com registro no setor privado está maior: 1,1 milhão a mais de 2022 para cá. Só um restaurante no Rio contratou 30 funcionários com carteira assinada em 2023. Mais gente com registro trabalhando, mais gente contribuindo para a Previdência Social.

Esse aumento nos empregos com registro no país é o principal motivo para o Brasil ter batido um recorde: o número de trabalhadores contribuindo para o INSS nunca foi tão alto. No terceiro trimestre de 2023, 64,3 milhões de empregados destinaram uma parcela do salário para o INSS. O maior contingente desde quando o IBGE começou a fazer esse levantamento, em 2012.

“Como a pandemia saiu do radar, quem vai ditar o ritmo dessa recuperação do emprego é a atividade econômica. Com uma atividade econômica mais forte e com menos incerteza, ajuda aí que tenha mais contratação principalmente pelo lado formal. Acaba sendo bom para o governo, porque acaba tendo mais pessoas contribuindo para o próprio programa previdenciário, mas também para as próprias pessoas, que acabam tendo alguma proteção social para alguma necessidade no futuro”, afirma Rodolpho Tobler, economista FGV Ibre.

O aumento na contribuição é um bom sinal, mas está longe de resolver o déficit na Previdência – que em 2023 já está em R$ 248 bilhões. Para tentar conter esse rombo, em 2019, a reforma da Previdência estabeleceu, por exemplo, a idade mínima para aposentadoria e o aumento no valor da contribuição para quem tem salários mais altos. O economista José Márcio Camargo explica que, ainda assim, não foi suficiente.

“A reforma da Previdência foi super importante. Você tinha, em geral, as despesas da Previdência Social cresciam entre 5% e 6% ao ano. Depois da reforma da Previdência, essas despesas estão crescendo 1,2%, 1,3% ao ano. É uma queda significativa, mas continua crescendo. Você tem que conseguir um modelo que faça com que o aumento de receita seja maior que o aumento da despesa. Aí você vai gerar o equilíbrio lá na frente”, afirma. G1