Ex-prefeito de Salvador pelo antigo carlismo, o ainda deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA) parece estar rascunhando um final de carreira política mais melancólico do que o imaginado após não conseguir a reeleição. O tucano foi “importado” por João Dória para o governo de São Paulo, mas vai atuar como “assessor especial” do Palácio dos Bandeirantes em Brasília segundo informações do Bahia Notícias.

 

É um “poste avançado” do governo paulista na capital federal e mais um ex-ministro de Michel Temer herdado por Dória. É a velha política bem explícita, porém travestida de novo pelo engomado governador de São Paulo. Imbassahy é apenas um dos muitos caciques políticos que foram defenestrados de cargos eletivos após o último mês de outubro do outro ano.

 

Somam-se a ele nomes como o do deputado José Carlos Aleluia, Benito Gama e Lúcio Vieira Lima, todos de alto coturno da oposição que ficaram de fora de funções por opção dos eleitores. Sinais de que as urnas desejaram algum tipo de renovação. Entretanto, para eles ainda resta a esperança de conseguir alguma vaga em cargos de confiança em prefeituras aliadas ou até mesmo em gabinetes de parceiros. Foi assim com o tucano baiano.

 

Imbassahy ficou como ministro de Temer até o início de 2018. Sabia do risco de ficar fora de um mandato, o que acabou confirmado meses depois. Para além da falta de votos, o ex-prefeito de Salvador acabou atingido pela saída de dois potenciais parlamentares da disputa. Jutahy Magalhães Jr. foi candidato ao Senado e João Gualberto desistiu de ser candidato às vésperas do prazo final de registro de candidatura.

 

Sem votos de legenda, o PSDB caiu de três para apenas uma cadeira na Câmara dos Deputados pela Bahia. Uma perda expressiva, que teve também a contribuição da candidatura chocha de Geraldo Alckmin ao Palácio do Planalto. Após a derrocada eleitoral, era comum nos bastidores o comentário de que Imbassahy não teria espaço na prefeitura de Salvador, comandada pelo DEM de ACM Neto.

 

Apesar de estarem lado a lado politicamente, o ex-prefeito esticou a corda em 2012 para tentar ser candidato ao Palácio Thomé de Souza e azedou qualquer relação cortês com ACM Neto. Imbassahy já havia deixado o núcleo carlista depois de deixar a prefeitura de Salvador e as chances de reaproximação eram pequenas.

 

O trunfo dele nesse processo seria o mandato do sobrinho, o deputado estadual eleito Paulo Câmara. O vereador de Salvador ainda possui poder de negociação dentro do grupo político de ACM Neto e poderia articular para que Imbassahy ficasse com uma vaga no governo soteropolitano. Não foi preciso. Dória, indiretamente, salvou Neto de um eventual constrangimento em não encontrar espaço para alocar Imbassahy.

 

O governador de São Paulo conseguiu, então, agradar um correligionário com certo grau de influência no tucanato – Dória quer presidir o PSDB para dar cartas sem tantos questionamentos – e ainda acenou para ACM Neto ao evitar desgaste com o núcleo da legenda na Bahia. Matou, definitivamente, dois coelhos com uma única machadada, como diz o dito popular.

 

Enquanto isso, Imbassahy, com oito anos bem avaliados, ex-líder do PSDB na Câmara dos Deputados e ex-ministro, ganha uma saída honrosa da vida pública: um cargo para chamar de seu. Este texto integra o comentário desta quinta-feira (10) para a RBN Digital. (Por Fernando Duarte)