Indícios de que a montadora Fiat colaborou e permitiu a presença de aparatos de repressão da ditadura dentro de sua fábrica no Brasil foram apontados pelo veículo The Intercept Brasil, em uma reportagem.

Segundo a publicação, a empresa teria montado um setor de inteligência e segurança comandado por um militar da reserva, cuja responsabilidade seria, entre outras coisas, evitar levantes grevistas na companhia.

Documentos apurados pelo veículo na Itália e no Brasil, além de depoimentos de pessoas ligadas à Fiat, indicaram que a empresa teve garantia do governo de que “não haveria problemas com sindicalistas”.

Segundo a matéria, isso porque os trabalhadores, em sua maior parte, seriam pessoas de baixa escolaridade e sem histórico de ligação sindical.

A apuração do The Intercept Brasil apontou ainda que entre as funções do responsável pela segurança, coronel Joffre Mario Klein, a de fichar funcionários e negociar seus destinos com os órgãos de repressão da ditadura.

Foram encontrados registros de viagens de Klein a Turim, na Itália, para aprender os processos de espionagem e repressão utilizados pela sede contra os funcionários e o sindicato na operação italiana, já que lá o partido comunista e o movimento sindical tinham muita força.