A Bahia registra, até o momento, 91 casos confirmados de coronavírus, segundo maior índice de pacientes na região Nordeste do país. A curva de incidência da COVID-19 está em ascensão no estado. De domingo para segunda, 29 novos episódios da doença foram registrados, entre eles o primeiro da cidade de Juazeiro, no Norte do estado.
A situação segue inspirando cuidados, mas o infectologista Claudilson Bastos aponta um fator decisivo para os números tenham um crescimento menor do que o esperado para o período.
“Se todos nós tivermos a devida consciência de passar a maior parte do tempo em casa, iremos diminuir a curva. A progressão na Bahia me parece ser menor do que em outros estados. Nesse caso, me parece que os baianos estão fazendo o que é necessário”, disse o infectologista, que é professor universitário e coordenador de um laboratório de análises clínicas em Salvador.
Na última semana, o governo do estado e prefeituras adotaram medidas para a diminuição da concentração de pessoas nas ruas. Praias foram interditadas, shoppings fechados, escolas, universidades, cinemas, teatros e academias proibidos de abrir as portas. O isolamento social foi incentivado, e várias empresas adotaram o trabalho remoto, com a liberação de funcionários para o home-office.
Em Salvador, os shoppings estão fechados desde sábado. O transporte público da capital baiana teve a frota reduzida em 30%, enquanto o sistema ferry boat e a travessia Salvador-Mar Grande precisaram reduzir o número de passageiros por embarcação.
Os bares e restaurantes estão proibidos de funcionar exceto para atendimento delivery. Claudilson Bastos reconhece que as medidas soam exageradas, mas são necessárias para evitar que o coronavírus se propague de forma descontrolada.
“É exagero, mas necessário. São condutas exageradas, necessárias para diminuirmos a curva. Temos o exemplo de países com vários óbitos, principalmente idosos. Temos que proteger nossos idosos. E o shopping é um local onde as pessoas circulam, tem muito movimento. É exagero, mas muito necessário”, alertou o médico.
A Bahia não registrou, até o momento, óbitos de pacientes infectados com o coronavírus. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a maior parte das vítimas fatais da COVID-19 no mundo tinha mais de 60 anos e outros problemas de saúde.
A pirâmide etária do último censo realizado no estado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a população do estado é majoritariamente jovem. Porém, Claudilson Bastos afirma que é preciso manter os cuidados, já que outros fatores podem contribuir para o agravamento dos casos.
“Sabemos que temos um menor número de idosos em relação a outros países, até em outros estados, mas sabemos que nossa população muitas vezes passa dificuldades. Faltam alimentos, alguns possuem outros problemas de saúde. Importante enfatizar que não é só idoso, pessoas com problemas de saúde também. A desnutrição, a falta de alimento, é um problema que causa a imunossupressão. E temos que ter cuidado com isso”, disse.
Por enquanto, a recomendação pelo isolamento social não possui um prazo para chegar ao fim. O infectologista estima que a população baiana poderá retomar a rotina aos poucos após a queda na curva de casos da COVID-19.
“Existe uma estimativa que o pico dessa curva será mais ou menos em meados de abril. Se tiver o isolamento antes desse período de pico, ele vai cair e talvez, na queda, a gente se limita menos ao isolamento. Enquanto a curva estiver subindo, é necessário manter o isolamento”.
Os municípios com casos positivos são: Barreiras (1); Brumado (1); Camaçari (1); Canarana (1); Conceição do Jacuípe (1); Conde (1); Feira de Santana (8); Itabuna (1); Jequié (1); Juazeiro (2); Lauro de Freitas (3); Porto Seguro (8); Prado (2); São Domingos (1); Teixeira de Freitas (1); e Salvador (57 casos, com a ressalva que três casos são importados, visto que o local de residência é fora da Bahia, mas a notificação foi feita na capital). G1