Foto: Eduardo Peret/Agência IBGE

A inflação segue sem dar trégua no país e passou a afetar uma quantidade maior de preços. O índice de difusão da inflação, que mede a quantidade de produtos e serviços que subiram no mês em relação ao total de itens pesquisado pelo IBGE, saltou para 78,7% em abril, de acordo com os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15, que é considerado a prévia da inflação oficial do país.

Isso significa que praticamente 8 em cada 10 itens pesquisados ficaram mais caros. Levantamento do Banco Modal, a partir da série histórica do IPCA-15, mostra que o índice de difusão foi o maior já registrado para meses de abril e o mais elevado para um mês desde fevereiro de 2003, quando ficou em 78,9%.

Em abril do ano passado, estava em 61%. Em dezembro de 2021 ainda estava abaixo de 70% e, em março deste ano, chegou a 75,5%. Mais do que refletir a escalada dos preços, o indicador revela que a inflação está mais espalhada. “Um índice de difusão maior representa que o processo inflacionário está mais disseminado, dificultando o seu controle”, explica Felipe Sichel, estrategista-chefe do Banco Modal.

Ou seja, as altas que eram mais pontuais ou concentradas em alguns grupos ou “vilões” ganharam um efeito dominó e estão sendo transmitidas para o conjunto geral de preços. Dos 367 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 289 ficaram mais caros em abril. Veja aqui a inflação para cada um dos grandes grupos.

O resultado da inflação oficial de abril será divulgado pelo IBGE no dia 11. Puxada pela alta dos combustíveis, a prévia da inflação registrou a maior alta para o mês desde 1995, com a taxa no acumulado em 12 meses chegando a 12%. Já são 8 meses seguidos com a inflação anual acima dois dígitos.

Índices de difusão acima de 75% costumam ser raros. O levantamento do Modal mostra que, desde o final de 1999, taxas nesse patamar só foram registradas 11 vezes. O pico histórico foi registrado em dezembro de 2002 (86,7%).

O especialista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE) explica que a inflação tem se sustentado em patamares mais elevados em meio aos choques provocados pela pandemia de coronavírus e pela guerra na Ucrânia.

“O índice está superalto, quase encostando em 80%. Acima de 70% é raramente visto. Isso mostra o espalhamento das pressões inflacionárias. A inflação está bem espalhada entre todos os segmentos de despesas”, afirma Braz. G1