A TV Globo teve acesso com exclusividade ao inquérito que apura as execuções da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes na região central do Rio. Oito meses depois, a polícia acumula milhares de páginas, mas ainda tem poucas conclusões. Uma delas é de que uma terceira pessoa estava no carro usado pelos bandidos no dia 14 de março – antes, acreditava-se que eram dois criminosos.

 

Uma das principais dificuldades dos investigadores é que câmeras da prefeitura no local do crime não estavam funcionando. Mas novas imagens de uma câmera que registrou o carro de frente, antes de chegar ao local do crime, revelam um homem ao lado do motorista, no banco do carona. As imagens já conhecidas mostravam um outro homem no banco de trás.

Apesar da película escura nos vidros do veículo, com um programa de computador, os analistas identificaram a presença de uma pessoa no banco do carona do carro segundo informações do G1. Enquanto o Cobalt usado pelos bandidos está parado na Lapa, dá para ver, no interior do carro, uma luz intensa no painel, que reflete na janela do motorista. Mas o que se acreditava ser um celular, segundo o inquérito era o reflexo de uma luz.

 

A investigação da Divisão de Homicídios conclui que o carro de onde partiram os disparos foi preparado para o crime. O Cobalt usado pelos bandidos era um carro clonado. A polícia fez uma análise e descobriu várias diferenças em relação às características do modelo original. Como, por exemplo, as maçanetas pretas, pouco comuns nesse modelo, e o formato da janela diferente de outros carros.

 

Uma cópia da agenda da Marielle, do dia 14 de março, está entre as páginas do inquérito. O último compromisso previsto era às 18h: a roda de conversa na Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos, na Lapa, Centro do Rio. O inquérito mostra a rota percorrida pelo carro da vereadora desde a saída da Câmara Municipal, com a passagem pela Casa das Pretas, até o local do crime.

 

Ela sai às 18h40, em direção à Rua dos Inválidos. O carro usado pelos assassinos já está lá. Na chegada à Casa das Pretas, o carro onde estão Marielle, sua assessora e o motorista Anderson passa ao lado dos bandidos. Eles aguardam a saída da vereadora por cerca de duas horas. Uma imagem no documento mostra que os bandidos seguem o carro de Marielle quando ele passa na Rua do Senado.

 

Os disparos são feitos na Rua João Paulo Primeiro. O carro dos assassinos segue em fuga pela Rua Joaquim Palhares. A dinâmica dos disparos descrita no inquérito mostra as trajetórias das balas, que chegaram até Marielle e Anderson. Quatro tiros atingiram a vereadora, todos na cabeça. Até hoje, no entanto, o inquérito não traz novas informações sobre o momento dos disparos e nem o motivo de as câmeras no local do crime não estarem funcionando.