Imagem: Bruno Cecim/Agência Pará

Os hospitais da rede pública do Brasil já possui mais de 36 mil pessoas internadas pela Covid-19, seja em leitos de enfermaria ou em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). As informações são de um levantamento realizado pelo jornal O GLOBO. A amostra se baseia em informações das secretarias estaduais de Saúde de 25 estados e do Distrito Federal. O crescimento em janeiro de 2021 foi de 13 mil internações, se comparado com dezembro de 2020. Entre os dias 14 e 16 daquele mês, 23 mil pessoas estavam hospitalizadas no SUS com Covid-19.

De acordo com a publicação, ao menos sete estados possuem taxas de ocupação de leitos de UTI maiores do que 80%: Amazonas (93% em Manaus), Mato Grosso do Sul (86%), Rondônia (84,9%), Pernambuco (84%), Espírito Santo (80,4%), Paraná (82%) e Santa Catarina (80,3%). Vale ressaltar que o Amazonas também forneceu, em janeiro, dados relacionados a cidades do interior. Em dezembro de 2020, isso não havia ocorrido.

“A situação está feia. No Amazonas, que precisava de total foco de estudo e preocupação, principalmente pelo surgimento de novas variantes, Pazuello defendeu o uso de cloroquina. Focam muito em tratar a pessoa depois de ficar doente, como se fosse apenas essa a solução, adicionando leitos, e não em evitar que ela fique infectada”, constata Wesley Cota, pesquisador da Universidade Federal de Viçosa, que trabalha com a modelagem de dados da pandemia.

Um levantamento do Imperial College de Londres também mostra que a taxa de transmissão do coronavírus, ou ritmo de contágio (Rt), subiu para 1,21 no Brasil só nesta semana. Em cinco de janeiro, o índice estava em 1,04. Pesquisador do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington, que prevê a chegada do número de 250 mil mortes no Brasil já em abril, Ali Mokdad revela que a atualização dos dados após as festas de natal e ano novo pode indicar uma tendência ainda pior no país.

“Se as pessoas compareceram a reuniões fora de seu círculo familiar mais próximo durante os feriados, é provável que as previsões mudem para pior”, afirma. O número de mortes pelo coronavírus no país também aumentam. No último domingo (10), a média móvel de óbitos atingiu seu maior número desde 11 de agosto de 2020: 1.016. O indicador é 65% maior do que há duas semanas.

Na opinião de Leonardo Bastos, estatístico e pesquisador em saúde pública da Fiocruz que produz estimativas de óbitos pela Covid-19 no país, a situação atual do Brasil é semelhante à de agosto, ainda que haja uma subnotificação por causa do atraso de registro pós-festas de fim de ano. “Estamos numa tendência crescente, e nesse ritmo de crescimento chegaremos em pouco tempo ao pico de óbitos, com 7.500 óbitos por semana, como em maio de 2020″alerta. Para Cota, além de acelerar a vacinação, é preciso uma campanha de comunicação sobre as formas de contaminação pela doença e a importância da ventilação nos ambientes.