Os investigadores estimam que 2,5 mil toneladas de óleo foram derramados no oceano pelo navio Bouboulina, de bandeira grega, suspeito do crime ambiental que atingiu o litoral nordestino. A Polícia Federal ainda não sabe, entretanto, se o houve um acidente ou vazamento do navio. Uma operação foi inciada pela PF na manhã desta sexta-feira (1º) para cumprir mandados na sede da empresa Lachmann Agência Marítima, responsável pelo navio.

Em nota, a Lachmann afirma que não é alvo da investigação da PF, e que foi solicitada para colaborar com as investigações. Isso porque, segundo alega, em 2016 atuou como prestadora de serviço para a empresa dona do navio suspeito. “A agência marítima é uma prestadora de serviços para as empresas de navegação, não tendo nenhum vínculo ou ingerência sobre a operacionalidade, navegabilidade e propriedade das embarcações”, diz a Lachmann no comunicado à imprensa.

Investigação

“Nós temos a prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. O que nos falta são as circunstâncias desse crime, se é doloso, se é culposo, se foi um descarte ou vazamento”, afirmou o delegado da Polícia Federal no Rio Grande do Norte, Agostinho Cascardo. De acordo com a procuradora-chefe da Procuradoria da República no Rio Grande do Norte, Cibele Benevides, ainda não é possível dizer se novas manchas chegarão à costa potiguar.

“Esse óleo que chegou na costa brasileira não representa todo o óleo que foi derramado. Uma parte do óleo pode ser evaporada, em torno de 40%; uma parte pode ficar decantada e vir devagar para a costa brasileira. Então, a gente ainda não tem como afirmar que parou, que cessou, ou quando vai cessar. (…) Estima-se que a mancha original foi de 2,5 mil toneladas de petróleo cru”, afirmou.

O navio carregou 1 milhão de barris de petróleo na Venezuela, segundo informações da empresa de geointeligência Kpler. O petroleiro é do tipo Suezmax, e sua capacidade máxima é 1,1 milhão de barris. Considerando o valor atual de mercado do petróleo, o carregamento vale cerca de US$ 66 milhões. As 2,5 mil toneladas que vazaram na costa brasileira equivalem a quase três milhões de litros.

Segundo os investigadores, a embarcação é legal e o cumprimento dos mandados visa levantar documentações e informações sobre os dados da carga, tripulação, e o que aconteceu. O navio ainda está em alto mar.

“O navio está sendo monitorado e se dirigindo provavelmente pra Costa da África. Assim que ele aportar a gente tenta conseguir mais informações.No momento o foco são as empresas de representação do navio aqui (no Brasil). As empresas não são suspeitas, elas são simplesmente alvo na busca de documentos que possam ajudar a identificar o que aconteceu, mas elas em si não são investigadas”, reforçou a procuradora.

Segundo a PF, a embarcação deixou a Venezuela no dia 18 de julho e a primeira aparição da mancha ocorreu dia 29, às 11h55 da manhã. “A partir daí a mancha começa a se espalhar e se dirigir a Oeste”, pontuou o delegado.

Para os investigadores, apenas um navio mercante, carregado de petróleo, poderia ter deixado essa mancha, ressaltou o delegado. Cascardo destacou que o navio já havia ficado preso nos Estados Unidos, em abril, por causa de problemas no filtro de descarte da embarcação. G1