Foto: Bruno Luiz / Bahia Notícias

A versão bem humorada do governador Rui Costa brincou com as críticas contra ele e o prefeito de Salvador, ACM Neto, feitas por um adversário político comum, o ex-deputado federal Roberto Jefferson. Em passagem por Vitória da Conquista, o malvado favorito dos governistas de plantão atacou Rui e ACM Neto, a quem chamou de líder de uma organização criminosa e covarde, respectivamente. Vindo de Roberto Jefferson, encararia como um elogio. O presidente nacional do PTB é um resumo do que há de mais abjeto na política brasileira, mas ainda assim continua dando cartas na cena nacional.

“Irmanados na porrada” era uma definição pouco provável para a histórica relação conturbada entre o governador da Bahia e o prefeito da capital. Depois de seis anos como potenciais adversários diretos, foi durante a pandemia que a civilidade resolveu imperar entre ambos. Ponto para a população local, que já tinha sido beneficiada com a disputa por quem fazia mais obras em Salvador e agora passou de maneira bem menos traumática pela crise do coronavírus. Entre tantas coisas ruins que a Covid-19 trouxe, o acordo de cavalheiros entre Rui e Neto não foi uma delas.

Desde o primeiro momento, a postura equilibrada e convergente entre ambos evitou que a Bahia vivenciasse as piores versões da calamidade de saúde provocada pela pandemia. Os números seguem altos, porém estão bem abaixo do que uma eventual falta de coordenação poderia causar. O resultado é o reconhecimento por parte de figuras nacionais, como o médico Drauzio Varella, que elogiou a atuação dos gestores. Nem tudo está perdido.

Voltando a Roberto Jefferson, o apoio dele à reeleição de Herzem Gusmão (MDB) em Conquista fala mais sobre o prefeito do que sobre qualquer outra coisa. Ter como apoiador o detrator do mensalão, que já foi preso por participar de esquemas de corrupção e agora paga de paladino da moralidade, é algo que um político sério deveria evitar. Porém a memória curta da população talvez explique porque o petebista continua sendo relevante. Até gostaria de ignorá-lo. No entanto, como jornalista há valor-notícia até quando condenados resolvem parecer santos. Então cabe à imprensa expor os absurdos e deixar a população fazer suas escolhas.

Essa versão paz e a amor de Rui e Neto merece aplausos. Não apenas por receber críticas de Roberto Jefferson. Acredito que ele entenda mais de organização criminosa do que os dois gestores baianos, que não apareceram até aqui em denúncias de corrupção. E quanto à covardia citada por ele como um “problema” de ACM Neto, parece mais despeito. Melhor faltar coragem e manter a integridade do que ser um palhaço em busca de aplausos – desculpem por ofender uma profissão tão nobre. O circo de Brasília merece Roberto Jefferson. Na Bahia, prefiro deixar passar. Por Fernando Duarte/Bahia Notícias