O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) utilizou o discurso de efetivação de Eduardo Pazzuelo no cargo de ministro da Saúde para reforçar os seus posicionamentos durante todo o período da pandemia. Além de criticar a imprensa pela cobertura e críticas às suas posturas, Bolsonaro reforçou o uso da cloroquina mesmo sem confirmação científica, assim como responsabilizou a decisão de governadores e prefeitos sobre as restrições sociais.
“Com o primeiro ministro foi a questão da hidroxicloroquina. A decisão não foi da minha cabeça. Resolvi apostar. Estudos demonstram a eficácia da cloroquina. Se não tivesse indícios não iriam estudar. Particularmente, passei a defender a hidroxicloroquina a partir da experiência de médicos que usavam e tinham resultados. Não consegui com o primeiro ministro tirar do protocolo que a clocoquina fosse usada só em casos graves. Nada melhor do que um médico na ponta da linha decidir se vai usar um medicamento com seu paciente. Assim como é o militar na ponta da linha decidir se vai atacar ou recuar”, disse o presidente.
Ao reforçar suas críticas ao isolamento social, o presidente acusou a imprensa brasileira de causar “pânico” e influenciar a decisão dos gestores. “Não é uma crítica, é uma constatação”, enfatizou o presidente.
“Ouvi críticas da imprensa de que o comércio não poderia ser fechado como foi. Eu disse que o isolamento aumentaria violência doméstica, abuso de crianças, contra a mulher, suicídio. Todas as medidas tomadas no Brasil não visava que pessoas não fossem contaminadas. Mas que as pessoas não fossem contaminadas em pouco tempo porque os hospitais poderiam não ter condição de atender. Hoje vemos que a situação poderia ser sido tratada de forma diferente.”
Retomando a ideia de uso da cloroquina ao final do discurso, Bolsonaro relatou que no prédio do Planalto 200 pessoas se contaminaram com a Covid-19 e “nenhuma sequer” chegou a apresentar sintomas mais graves da doença. Bolsonaro insinuou que todos fizeram uso da medicação. “Não tomaram o remédio do Bolsonaro. Tomaram o remédio que tinha”.
Para o presidente, arriscar utilizar uma medicação sem a devida comprovação científica é “ousar”. Com esta máxima, o presidente parabenizou a classe médica “especialmente aqueles que adotaram” a medicação em seus tratamentos da doença. Em referência ao novo ministro, o presidente afirmou que ele “ganhou” a simpatia de governadores e prefeitos nos meses em que esteve como interino. Por Mari Leal