Nos bastidores, não são poucos os que comentam que a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, afastou Lula dos antigos amigos e da turma de São Bernardo do Campo, onde ele iniciou sua trajetória como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. Janja sempre negou esse comportamento. Em mais de uma ocasião, afirmou que sua única preocupação era com o bem-estar do marido. “Quem ama, cuida”, argumentou ela.
Os defensores da primeira-dama dizem, por sua vez, que ela é alvo de ciúme e fogo amigo de uma ala do PT. Na prática, com quase nenhum ministro ou auxiliar com intimidade suficiente para apontar eventuais erros do governo, quem faz essa tarefa é mesmo Janja, mas nem sempre consegue convencer Lula.
Tanto que, se dependesse dela, o deputado André Fufuca (PP), integrante do Centrão e vice-líder do governo de Jair Bolsonaro, não teria jamais ocupado a cadeira de Ana Moser no Ministério do Esporte.
O chefe da Casa Civil, Rui Costa – tido como “capitão do time” –, tem a simpatia de Lula, mas não da maioria dos colegas. Em conversas reservadas, alguns deles dizem que, nas reuniões ministeriais, Costa age como se ainda fosse governador da Bahia, dando ordem a seus secretários.
Dirigentes do PT observam que, desde sua prisão – decretada na esteira da Lava Jato, em 2018 –, Lula é outro homem. “Ele não tem tantos filtros. Agora, tem pressa: quer recuperar o tempo perdido”, resumiu o senador Humberto Costa (PE), ex-ministro da Saúde no primeiro mandato do petista.
O líder do PT no Senado, Jaques Wagner, acha que o ambiente polarizado do País tem contribuído para o novo comportamento de Lula, descrito por muitos como sendo mais pragmático. “A conjuntura atual é totalmente diferente. Em 2007, era uma reeleição. Em 2003, a gente recebeu o governo de um democrata, o Fernando Henrique Cardoso. Agora, recebemos o governo sei lá do que se pode chamar…”, assinalou ele. Fonte: Agência estado