Jane de Araújo/Agência Senado

O senador Jaques Wagner (PT) tem trabalhado por uma reaproximação com o MDB baiano visando as eleições de 2022, quando pretende disputar pela terceira vez o governo do Estado. As conversas ocorrem em Brasília, em especial com o deputado federal Baleia Rossi (SP), presidente nacional do MDB, mas também com os representantes locais da legenda.

Wagner foca nas perspectivas que se abriram com o desentendimento entre o presidente nacional do DEM, ACM Neto, e Rossi, que acusa o democrata de não o ter ajudado na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados.

Mas também aproveita o que considera fissuras na relação entre os emeedebistas baianos com o grupo do prefeito, além do bom relacionamento que, apesar do rompimento, em 2009, mantém com a família Vieira Lima.

Depois de terem feito parte da campanha que elegeu Wagner governador em 2006, os irmãos Geddel e Lúcio romperam três anos depois com o então governador, contra quem o primeiro disputou a sucessão estadual de 2010.

As relações teriam sido retomadas depois da prisão de Geddel, em especial quando uma fazenda das mais valorizadas da família na Bahia foi invadida pelo MST. Na época, Wagner e o governador Rui Costa (PT) intercederam diretamente junto ao Movimento para que o bem fosse desocupado.

Até Geddel ter sido posto em prisão domiciliar, sua passagem por uma penitenciária na Bahia, administrada pelo governo, também foi cercada de atenção e cuidados pelos dois líderes petistas. Há cerca de um mês, Lúcio e o presidente estadual do MDB, Alex Futuca, teriam sido recebidos, num dia de sábado, por Wagner em seu luxuoso apartamento do Corredor da Vitória para tratar de política.

Na campanha à Prefeitura, quando esteve do lado do candidato a prefeito Bruno Reis (DEM), Lúcio também teve pelo menos dois encontros com Rui no Palácio de Ondina. Wagner está de olho no tempo de TV dos emeedebistas, o quinto maior entre todos os partidos, e também acredita que pode trazer para seu campo o PSL.

Na Bahia, os partidos formalizaram uma aliança, apesar de também o PSL estar na base do prefeito Bruno Reis, e podem eventualmente negociar juntos o apoio à candidatura de Neto ou à de Wagner. O ex-governador do PT não acredita, no entanto, ainda num entendimento com o partido da deputada federal Dayane Pimentel porque não sabe se ela permanecerá com o controle da legenda na Bahia.

No momento, o senador se beneficia do afastamento de Neto em relação a Rossi e ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), que rompeu com o ex-prefeito de Salvador pelo mesmo motivo que o colega.

Ontem, este Política Livre registrou com exclusividade que, além de estar com um pé no MDB, Maia tem feito elogios rasgados a Wagner em Brasília, dizendo que ele mereceria ganhar o governo da Bahia em lugar de Neto. Para a chamada ala mais progressista do PT, o senador deveria se antecipar e fechar logo um acordo com os dois partidos para chegar às eleições com o apoio dos dois.

Eles acreditam que a estratégia poderia provocar uma insegurança no presidente do DEM a ponto de impactar sua decisão de concorrer. Como o governo está nas mãos de Rui, cuja marca é a demora para tomar decisões políticas, o plano, embora não de todo descartado, no entanto, é de maior dificuldade de execução. Política Livre