O embate entre o ex-deputado federal Jean Wyllys e embaixadora do Brasil Maria Nazareth Farani Azevedo foi notícia no mundo inteiro. O episódio repercutiu negativamente para o Governo Federal e foi considerado um “vexame” pelo ex-parlamentar.

O bate-boca aconteceu na última sexta-feira (15) durante um evento realizado pela ONU na Suíça. Em uma homenagem à vereadora Marielle Franco no sábado (16), Wyllys comentou o caso e disse ter sido “assediado” pela embaixadora durante a sua apresentação em uma palestra sobre a ascensão do populismo e novos autoritarismos.

“Não apenas para mim, mas para toda a diplomacia e técnicos da ONU foi uma surpresa uma embaixadora se prestar ao papel de assediar um ativista dos direitos humanos que estava falando em um painel, em uma atividade paralela ao evento principal”, criticou Jean Wyllys em entrevista à Rádio França Internacional.

Ele contou que a embaixadora solicitou direto de réplica para uma fala que ela não ouviu e utilizou um texto para constrangê-lo, com o objetivo de melhorar a imagem internacional do Brasil.

“É um vexame. Uma embaixadora não pode se prestar a esse papel. Ela representa o Estado brasileiro e não necessariamente um governo ou a pessoa do presidente da República. Foi vergonhoso porque ela bateu boca e não me ouviu quando eu estava dando uma resposta”, analisou.

A discussão entre o professor e a embaixadora foi filmada pelo jornalista Jamil Chade. Nas imagens, Maria Nazareth contesta os posicionamentos de Wyllys, principalmente o que atribui a eleição de Bolsonaro às fake news disseminadas durante a campanha.

“Talvez ela tenha medo de perder seu posto. Ela já vem sendo embaixadora junto à ONU nos governos Lula e Dilma e não tinha esse comportamento. Essa mudança repentina tem que ter uma explicação. Ou medo de perder o posto, portanto os privilégios, ou homofobia. Ela tem que se explicar por que se prestou a esse papel, e também o governo Bolsonaro tem que explicar por que mandou uma embaixadora assediar um ativista de direitos humanos dentro da sede da ONU”, solicitou.