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Se a montanha decide ir a Maomé, ela deve estar disposta a ouvir seus conselhos e, principalmente, atender a seus pedidos. Certo? Como o vice-governador João Leão (PP) não é homem de vacilos, o ex-presidente Lula (PT) deve se preparar para o encontro que agendou com ele para Salvador, tudo indica, para a próxima semana.

Lula lançou uma ofensiva para comer o PP de Leão pelas beiradas. Não visitará apenas o líder pepista baiano como outras autoridades partidárias em vários Estados determinado a trazer uma das agremiações que lideram o Centrão de volta ao eixo da centro-direita, leia-se, seu palanque em 2022.

O ex-presidente tem elementos para estar convencido de que o casamento da sigla com Jair Bolsonaro (sem partido) tem prazo para acabar. E quer contar com o apoio das lideranças estaduais progressistas que estão aliançadas com o PT nos Estados para a tarefa de libertar Ciro da ‘cilada’.

Mas, na Bahia, além da conhecida hospitalidade, Leão terá muito pouco com que contribuir com Lula caso o ex-presidente não entenda a importância de ajudá-lo na operação de manter-se na base aliada apoiando a candidatura de Jaques Wagner (PT) à sucessão de Rui Costa (PT).

De fato, o arranjo que se constrói hoje sob a liderança consciente do senador petista para as próximas eleições está longe de oferecer muitas alternativas a Leão, senão a de obrigá-lo a se lançar ele próprio ao governo ou compor com um adversário do petismo, de preferência ACM Neto (DEM).

É o que lhe resta devido a uma legislação que proíbe o vice de concorrer de novo à mesma vaga numa chapa qualquer ou mesmo indicar o filho, o deputado federal Cacá Leão (PP), para a posição nas próximas eleições. A maneira de contornar o conflito seria acomodá-lo na disputa pelo Senado.

Mas uma imposição do senador Otto Alencar (PSD), que pretende concorrer à reeleição, impede que a composição ocorra. E aí? Não há como Lula conversar com Leão e o assunto não vir à tona. E nem há como Lula não se sensibilizar com a importância de acomodar Leão.

Com a missão maior de construir um palanque nacional que derrote Bolsonaro, o ex-presidente não vai querer saber de estímulo a fissuras na própria base que atrapalhem seu projeto. Wagner e Otto vão ter que se entender e dar um jeito de resolver a questão de Leão na chapa. Não é o PSD de Otto que está no coração do governo Bolsonaro. É o PP de Leão. É aguardar para ver! Política Livre