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O candidato ao Governo da Bahia, João Roma, foi oficializado na última sexta-feira prometendo fazer uma campanha em prol da segurança pública na Bahia. O representante do presidente Jair Bolsonaro na Bahia chega na corrida eleitoral com o recall de ter coordenado toda migração do programa Bolsa Família, criado nos governos petistas, para o Auxílio Brasil. Ele terá como vice a médica Leonídia Umbelina. Em entrevista à Tribuna, o candidato afirma que o principal problema para o crescimento desenfreado da violência é o que chama de “falta de respaldo” da gestão estadual aos agentes de segurança. “Tenho falado sempre que a principal mudança que vamos promover na Bahia é a mudança de postura. Na gestão, têm vários itens pontuais a se modificar. Mas o que está faltando mesmo é a postura do governante. Você tem um governo que não dá respaldo para as forças policiais e que toda hora está buscando transferir a responsabilidade”, ressalta. Ainda na entrevista, ele faz um panorama dos problemas na Bahia e diz o que o diferencia dos dois principais adversários, ACM Neto (União Brasil) e Jerônimo Rodrigues (PT).

Tribuna – Uma das bandeiras da sua campanha é a segurança? Na sua opinião, essa é a área mais deficitária da Bahia hoje? Quais são suas propostas?

João Roma – Sim. A Bahia não tem um governo que dê respaldo para as suas forças policiais. Como é que se dá isso? Não se trata especificamente de recursos, como o Estado abre a boca para dizer. O Estado responde que faltam recursos e tanta transferir a responsabilidade para Bolsonaro, já que hoje o cidadão de bem pode comprar uma arma na loja. Eu pergunto: o bandido compra arma em loja? Para o crime organizado, a arma chega de forma muito fluida e fácil. Para quebrar justamente esse raciocínio do governador, o crime no Brasil tem diminuído. Diminuiu de 61 mil casos para 40 mil casos, sendo que um dos poucos locais onde a curva é invertida é na Bahia. Cai por terra essa afirmativa do governador e do secretário, dizendo que a violência está desse jeito, dado a apologia às armas. Não é o caso. Está se garantindo o direito do cidadão de bem poder proteger a sua família e fazer a sua legítima defesa. Além disso, você observa a falta de investimento na segurança pública. Tenho falado sempre que a principal mudança que vamos promover na Bahia é a mudança de postura. Na gestão, têm vários itens pontuais a se modificar.

Tribuna – O que precisa ser modificado?

João Roma –  O que está faltando mesmo é a postura do governante. Você tem um governo que não dá respaldo para as forças policiais e que toda hora está buscando transferir a responsabilidade. O soldado de polícia no Estado da Bahia passa 14 anos como soldado e não tem a garantia de uma promoção – nem a cabo. Quando ele recebe alguma coisa, vem a título de gratificação e não incorpora no seu soldo. Muitos estão tendo que sair de suas moradias, porque o crime organizado chegou nas comunidades e pagar aluguel mais caro. Como é que ele sai para proteger a sociedade se ele está sendo vítima de ameaça em sua comunidade? Isso tudo faz com que a gente tenha uma polícia na rua sem respaldo para agir. Policiais tendo que ficar à margem de uma tratativa eficaz no quesito de segurança pública. Enquanto a criminalidade está aumentando, o governo tem diminuído a quantidade de policiais que estão na rua. Não tem concurso anual, falha na capacitação de profissionais… Até o Colégio da Polícia Militar, o CPM, que sempre foi uma referência, eles diminuíram a média – saindo de 7 para 5. E mesmo agora, depois da pandemia, estão fazendo aula semana sim e semana não. O crime organizado tem encontrado solo fértil na Bahia.

Tribuna – Qual seu diagnóstico sobre o setor e a situação das polícias?

João Roma – A Polícia Civil, que tem um forte papel, está caindo aos pedaços. Toda hora ameaça de paralisação. Se você interromper em um minuto o trabalho de inteligência da polícia, você derruba um trabalho de anos. Também há falta de integração com as Guardas Civis Municipais, colocando-as como guardiãs apenas do patrimônio, sendo que elas exercem sim a segurança pública. Tramita inclusive no Congresso Nacional o reconhecimento constitucional da Guarda Civil. Tudo isso cria esse ambiente de total insegurança. Em outros estados, o crime organizado tem tido uma repressão. Na Bahia, você não vê isso. Inclusive no cangaço. A insegurança na Bahia está pior que a época de Lampião. Você está vendo um novo cangaço, com uma gama de dificuldades para a nossa população. Você ouve da boca do governador que o tráfico de drogas emprega muitos jovens, sendo que isso é um descaminho.