O Tribunal de Barlavento, em Cabo Verde, determinou a anulação do julgamento dos três velejadores brasileiros que estão presos condenados por tráfico internacional de drogas. A defesa foi quem entrou com recurso contra a condenação na Justiça de Cabo Verde. Segundo os familiares, a decisão de suspensão do julgamento foi no último dia 23 de novembro, mas eles só ficaram cientes do caso no dia 28 do mesmo mês.

 

A justiça de Cabo Verde entendeu que o primeiro julgamento não deu direito à ampla defesa dos condenados por não ouvir testemunhas e relatórios de defesa. O novo julgamento ainda não tem data para ocorrer. Os três brasileiros continuam presos em Mindelo, na ilha de São Vicente segundo o G1. Entre os três brasileiros que estão presos dois são baianos.

 

Eles e um francês foram condenados em primeira instância, a dez anos de prisão pela Justiça de Cabo Verde. O grupo era tripulante de um veleiro que transportava mais de uma tonelada de cocaína. A defesa nega que os condenados soubessem sobre a droga, que estava escondida na embarcação, e diz que eles foram vítimas de uma armação. Segundo informou os familiares dos velejadores, o julgamento deles em Cabo Verde foi irregular.

 

No caso do baiano Rodrigo Dantas, por exemplo, a família afirma que nenhuma testemunha foi ouvida. Além disso, o inquérito da Polícia Federal brasileira aponta que os tripulantes contratados não teriam como saber da droga escondida no barco. Ainda segundo a família, o relatório da PF foi ignorado pela Justiça de Cabo Verde.

 

Um representante do Ministério Público da Comarca de São Vicente, em Cabo Verde, chegou a afirmar nos autos de uma ação penal que o inquérito da PF era uma “manobra” para inocentar velejadores brasileiros. Os velejadores brasileiros que estavam com o barco foram acusados de tráfico internacional de drogas pela Justiça de Cabo Verde.

 

Foram condenados os baianos Rodrigo Dantas e Daniel Dantas, além do gaúcho Daniel Guerra e o capitão da embarcação, de naturalidade francesa, Olivier Thomas. Os familiares dos brasileiros, no entanto, afirmam que eles não sabiam que a droga estava no barco, que tinha o nome de Rich Harvest. Antes de sair do Brasil em agosto, o veleiro passou por inspeções da Polícia Federal em Salvador e em Natal.

 

O barco foi liberado sem que nenhuma irregularidade fosse encontrada, mas na Ilha de Mindelo, em Cabo Verde, foi mais uma vez inspecionado e a droga encontrada. Uma investigação da Polícia Federal brasileira aponta a inocência dos velejadores. No entanto, o inquérito não foi aceito pela Justiça de Cabo Verde.

 

A PF chegou a emitir uma nota de repúdio contra o Ministério Público da Comarca de São Vicente, em Cabo Verde, após um representante do órgão afirmar nos autos de uma ação penal que o inquérito da PF seria uma “manobra” para inocentar os velejadores.