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O Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) já identificou pelo menos 40 linhagens diferentes do Sars-CoV-2 desde março. De acordo com matéria do Estadão, duas dessas variantes, a B.1.1.28 e a B.1.1.33, são predominantes. A pesquisadora Paola Cristiana Resende, que faz parte do grupo, explica que a base de dados EpiCov reúne 1.768 genomas brasileiros, e a partir dela foi possível verificar que essas duas linhagens principais predominam no Brasil e são específicas daqui.

A especialista destaca que elas são encontradas em baixíssima frequência em outros países. “Elas circulam desde março e estão por todo o território nacional. E, é claro, estão evoluindo, ganhando novas mutações, pois é esperado que um vírus com um genoma de RNA evolua de forma rápida”, explicou. Em relação as mais de 40 variações encontradas no Brasil, os pesquisadores sinalizam que são provenientes de diversas partes do mundo, em especial da Europa.

O IOC/Fiocruz participa diretamente da vigilância epidemiológica do novo coronavírus no Brasil. Referência em covid-19 para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o órgão faz o sequenciamento genético do genoma viral, lembra a reportagem do Estadão. A partir do trabalho é possível determinar as rotas de circulação do vírus no país. Além disso, o rastreamento também permite identificar as mutações.

À reportagem a pesquisadora ressaltou que uma nova mutação não significa estritamente uma mudança nas características do vírus. “Investigações e análises complementares que vão além do genoma precisam ser feitas para afirmar isso. Adicionalmente, ao longo do ano, detectamos também outras linhagens em diferentes estados, muitas associadas a casos de viajantes retornando de outros países e que circularam em menor proporção internamente. Entretanto, estas linhagens estão mais associadas a uma circulação local em determinados Estados e não representam um expressivo número para lançarmos alguma hipótese sobre elas”, disse.