Foto: Câmara

Temos bons e maus políticos. E temos figuras como o Delegado Waldir (GO), líder do PSL na Câmara dos Deputados. Esse parlamentar não deveria merecer um comentário, porém não dá para ficar calado diante do absurdo proferido por ele: “a Bahia é um lixo governado pelo PT”.

Fosse governada por quem quer que fosse, a Bahia não chega perto do que é saber que um homem como ele está no Legislativo representando algum estado. Sinto pena por Goiás, que possivelmente não deve se orgulhar de tê-lo como deputado federal.

Não vou enaltecer a Bahia. Não é necessário. Porém é preciso rebater posições xenofóbicas como a do Delegado Waldir. Até porque, infelizmente, ele não está isolado, ainda que tenha tido a coragem de falar em público. E o fez sem qualquer constrangimento.

Nessa lógica do ódio pelo ódio, alimentada pelas hostes governistas e em especial pelo PSL, o Brasil só perde. Até gosto da ideia de permitir que a pessoa tenha direito a falar o que pensa. Mas há um limite para isso e o parlamentar cruzou muito a fronteira do aceitável.

Eleito na onda bolsonarista, o deputado goiano foi o mesmo que simulou estar armado na Câmara dos Deputados logo após a edição do decreto que ampliou o acesso a armas no país. Depois do pânico, ficou explícito que se tratava de uma piada de mau gosto, como inúmeras feitas por parlamentares nos últimos meses.

Uma coisa é certa: não faltam exemplos de que há muito mais lixo enviado para Brasília pelo restante do país do que pela Bahia. Nem todos os baianos têm orgulho do performático Pastor Sargento Isidório, eleito com o maior número de votos da Bahia.

Nem da Professora Dayane Pimentel e seu apoio cego ao presidente Jair Bolsonaro. Ou do deputado João Carlos Bacelar, que por dois anos encheu os tanques de uma lancha, em pleno verão baiano, com a desculpa de que precisava visitar as bases.

Porém nenhum deles agrediu ou agride um Estado da federação apenas por discordar do grupo político que o governa. Acredito que muitos paulistas também se sintam constrangidos pelos monarquistas Carla Zambelli e Luiz Philippe de Orléans e Bragança.

Em uma República, ambos foram eleitos para defender um regime de governo completamente distinto do que eles integram. Os mesmos paulistas ainda não devem estar orgulhosos do ator pornô Alexandre Frota, ainda que o desempenho dele na Câmara não seja tão ruim.

E o que dirá de alguns paranaenses, que são obrigados a conviver com Joice Hasselmann na liderança do governo no Congresso após gravar prévias de filme B. Alvo de chacota, mas ainda assim plena, pagando de defensora da moral e dos bons costumes.

Não é meu direito nem de ninguém questionar aqueles que foram eleitos por outras pessoas muito menos por outros estados. Até podemos lamentar, mas não podemos reclamar. Porém juro que fico com pena dos meus amigos goianos.

Por mais que tenhamos tantos exemplos ruins na Câmara, nenhum deles cometeu o disparate de chamar um lugar de lixo. Isso, infelizmente, ficou restrito ao Delegado Waldir. Esse excremento, então, não é nosso. Este texto integra o comentário desta sexta-feira (24) para a RBN Digital. Por Fernando Duarte