Começou às 15h desta quarta-feira (14) o depoimento do ex-presidente Lula (PT) na audiência referente a um processo da Lava Jato que apura reformas no sítio de Atibaia. O interrogatório acontece na sede da Justiça Federal, em Curitiba. Lula é réu nesta ação penal acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. A audiência começou às 14h com o depoimento do pecuarista Carlos Bumlai, também réu no processo.

 

Bumlai, que responde pelo crime de lavagem de dinheiro, foi interrogado por uma hora segundo informações do G1. As oitivas são conduzidas pela juíza federal Gabriela Hardt. Esta foi a primeira vez que o ex-presidente deixou a Superintendência da Polícia Federal (PF), onde está preso desde abril. Não houve bloqueios no trajeto até o local do interrogatório.

 

Apoiadores do ex-presidente estão em frente à sede da Polícia Federal, onde Lula está preso, e ao prédio da Justiça Federal, onde acontece a audiência. Conforme o Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente recebeu propina do Grupo Schain, de José Carlos Bumlai, OAS a Odebrecht por meio da reforma e decoração no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que frequentava com a família. Outras 12 pessoas são rés neste processo.

 

Os valores foram repassados ao ex-presidente em reformas realizadas no sítio, de acordo com os procuradores do MPF. Segundo a denúncia, as melhorias no imóvel totalizaram R$ 1,02 milhão. Ex-executivos da Odebrecht afirmaram que o departamento de propina da empresa bancou parte das obras. De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, Bumlai teria ajudado no repasse de propina ao ex-presidente no valor de R$ 150 mil.

 

Ao aceitar a denúncia, o então juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, disse que as provas permitem a conclusão de que Lula se comportava como proprietário do sítio e que as reformas foram feitas para beneficiá-lo. Moro destacou à época que bens pessoais de Lula e dos parentes dele foram encontrados no imóvel e que veículos utilizados por Lula teriam comparecido 270 vezes ao longo de seis anos no sítio.

 

Agentes do ex-presidente instalaram câmeras de segurança no imóvel. O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, que tenta fechar um acordo de delação, disse que o pedido da reforma partiu do ex-presidente, e que os dois falaram pressoalmente sobre o projeto.

 

Fernando Bittar, um dos donos do sítio, disse à juíza Gabriela Hardt, que assumiu os processos da Lava Jato, com a saída de Moro, que Lula e Dona Marisa queriam a reforma porque presicavam guardar objetos ganhos pelo ex-presidente. Ele afirmou que achava que Lula faria o pagamento das obras na propriedade. Bittar responde por lavagem de dinheiro neste processo.

 

Lula nega as acusações e afirma não ser o dono do imóvel, que está no nome de sócios de um dos filhos do ex-presidente. Fernando Haddad disse que esteve com Lula nesta manhã para “prestar solidariedade” e “saber se ele estava bem” para o depoimento.

 

“Ele tinha lido todos os depoimentos das testemunhas e está muito tranquilo quanto ao que ele vai relatar para a juíza no seu depoimento. Achei ele muito preparado e tranquilo”, disse.
O pecuarista José Carlos Bumlai e Lula prestam os últimos depoimentos da ação, que depois vai para a fase final.