Foto: Roberto Stuckert Filho

Pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidência nas eleições de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva descartou, nesta terça-feira (5), escalar a também ex-presidente Dilma Roussef para ocupar cargo no governo, caso ele seja eleito. Lula comentou que a experiência de Dilma pode ajudar o país em questões importantes, mas afirmou que é “muito difícil imaginar um presidente dando ordem a outro presidente”.

“A Dilma pode ajudar de forma extraordinária porque ela tem uma experiência extraordinária. Agora, eu não me sinto à vontade de mandar na Dilma, de dar bronca na Dilma, de obrigar ela a fazer alguma coisa. É muito difícil. Ela sabe disso. Eu acho que não dá certo chamar um presidente para ser seu ministro, você vai tornar ele uma figura inferior a você na escala de autoridade. A tendência é dar problema. Não trabalho com essa hipótese. “, disse.

A afirmação foi dada em entrevista à rádio rede T, do Paraná. Durante a conversa, ele também anunciou que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) deve ser proposto como vice-presidente para a chapa dele após uma reunião marcada para sexta-feira (8). Em 2016, Lula foi nomeado ministro da Casa Civil por Dilma, que estava na presidência. A medida foi tomada durante o andamento do processo de impeachment dela.

Na ocasião, a avaliação do núcleo mais próximo à Dilma era a de que, com Lula no governo, a articulação política iria melhorar e, assim, o processo poderia ser barrado. Lula comentou, nesta terça, que chegou a discordar da nomeação dele para o cargo.

“Eu fui convidado em uma situação delicada. A Dilma sabe que eu aceitei muito contra a minha vontade porque eu achava que não iria dar certo”, disse. À época, o PSDB e o antigo PPS (atual Cidadania) pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a nomeação, argumentando que, como Lula era investigado pela Operação Lava Jato, o objetivo do governo teria sido de dar foro privilegiado a ele para que o processo deixasse a 13ª Vara Federal de Curitiba e fosse enviado ao STF.

Em agosto de 2016, o plenário do Senado aprovou o impeachment de Dilma, condenada pela acusação de crimes de responsabilidade fiscal – as chamadas “pedaladas fiscais” no Plano Safra e os decretos que geraram gastos sem autorização do Congresso Nacional. Com a saída dela do cargo, Michel Temer tomou posse na Presidência da República. G1