A biografia de Lula, escrita por Fernando Morais e lançada pela Companhia das Letras, narra uma passagem que envolve o marqueteiro baiano Sidônio Palmeira, condutor da campanha do segundo turno de Fernando Haddad (PT) na disputa pela presidência da República de 2018. Lula não teria sido consultado sobre “despetizar” a publicidade, ou seja, tirar os tons de vermelho e trabalhar outros formatos mais ao centro e não gostou do que viu. O petista teria acompanhado tudo da sede da Polícia Federal de Curitiba, no Paraná, local onde estava preso pela Operação Lava Jato, por determinação do então juiz Sergio Moro.

Morais, no livro, conta que a direção da campanha teria resolvido, a época, dar “cavalo de pau” no marketing. “A primeira medida, sem dúvida resultado das insistentes acusações de filocomunismo de que tanto falara Bolsonaro no primeiro turno, foi desavermelhar e, de certo modo, despetizar a propaganda. Lula não gostou da virada rumo ao centro”, narra. O biógrafo revela que, preocupado com o desenrolar da campanha, Lula teria procurado saber quem foi o responsável pela medida. “Filho feio não tem pai, diz o ditado popular”. A culpa ficou com Sidônio. Lula teria dito: “Deem a ele uma passagem de avião e digam a esse Sidônio para vir a Curitiba conversar comigo”.

Marketing

Sidônio Palmeira, natural de Vitória da Conquista, é um dos sócios da agência Leiaute. É o responsável pelas campanhas ao governo de Jaques Wagner (PT) e Rui Costa (PT) ao governo da Bahia. Ainda não está confirmada a continuidade de Palmeira no marketing da disputa baiana neste ano, mas, conforme publicação do Poder360 em novembro do ano passado, o publicitário deve permanecer na eventual campanha petista com Lula na corrida pelo Planalto.

Livro

O volume 1 da biografia de Lula de Fernando Morais foi lançado em 16 de novembro do ano passado. Morais ganhou acesso direto a Lula desde 2011. Foram dezenas de horas de depoimentos para ajustar e tecer o projeto biográfico. No primeiro livro, Morais vai da infância de Lula até o anulamento de suas condenações, passando pelo novo sindicalismo, as greves do ABC, a fundação do PT e a primeira campanha eleitoral. De acordo com a Folha de S. Paulo, o volume dois do projeto de Fernando Morais não deve sair antes de 2023, já que a editora tem intenção de evitar o lançamento em período eleitoral. A biografia também foi a mais vendida do gênero do ano de 2021 na Amazon. BNews