Uma das mais importantes líderes religiosas do país, Mãe Stella, que morreu na quinta (27), aos 93 anos, tem sido alvo de intolerância religiosa. Em uma postagem no Instagram, internautas ofenderam a Ialorixá. Comentários como “um macumbeiro a menos” e “satanás é descarado mesmo” foram escritos por perfis que se diziam evangélicos. Além da intolerância religiosa, Mãe Stella também foi alvo de homofobia.

 

Ela era casada com Graziela Domini. “Agora estou entendendo o aumento considerável do número de homossexuais, acho que tem a ver com a troca dos orixás na feitura do santo… Coloca uma entidade feminina na cabeça do homem e uma masculina na cabeça da mulher. Ele passa a se ‘sentir’ mulher e ela passa a se ‘sentir homem”, escreveu um internauta.

 

Outros internautas criticaram a postura dos intolerantes e fizeram denúncias na rede social. Algumas mensagens já foram apagadas. Mãe Stella nasceu no dia 2 de maio de 1925, em Salvador. Foi a quarta filha de Esmeraldo Antigno dos Santos e Thomázia de Azevedo Santos. Aos 13 anos, foi levada pela tia, que a criava, para o terreiro de mãe Aninha, a fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá segundo o G1. Um ano depois, foi iniciada no candomblé.

 

Na juventude, sempre gostou de ler. Formou-se enfermeira, profissão que exerceu durante 30 anos. Em 1976, aos 51 anos de idade, foi escolhida pelos orixás para ser a nova líder do terreiro de São Gonçalo do Retiro. Mãe Stella foi a quinta ialorixá a comandar o Ilê Axé Opó Afonjá. Em 1999, Mãe Stella conseguiu que o terreiro fosse tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

 

Em 2005, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Quatro anos depois, recebeu o mesmo título pela Universidade do Estado da Bahia. Além disso, Mãe Stella foi agraciada com a Comenda Maria Quitéria, da Prefeitura de Salvador, com a Ordem do Cavaleiro, do Governo do Estado, e a Ordem do Mérito, do Ministério da Cultura.