O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-), comentou a disputa travada para sua sucessão, em entrevista à Folha de S. Paulo. Ao jornal, ele afirmou que o líder do centrão, deputado Arthur Lira (PP) é o candidato do presidente Jair Bolsonaro e declarou que não vai apoiar um acordo que exclua os partidos de esquerda da disputa, que acontecerá em fevereiro de 2021. “Não é uma questão numérica, é uma questão de respeito à minoria, principalmente na casa da democracia”, disse Maia. Na entrevista, Maia alegou que não tem obstruído a pauta da Câmara com foco em sua reeleição ou na eleição de um aliado, como têm acusado outros parlamentares.

“Mas tudo bem, e se eu tiver um candidato, qual é o problema? Eles podem ter candidato e o nosso lado não pode ter candidato? Isso me parece uma coisa antidemocrática. Estou fazendo contas. O que estou dizendo é que não dá tempo de votar a PEC Emergencial neste ano. Tudo depende da aprovação das matérias. Se conseguir resolver até 20 de dezembro, ótimo, não precisa convocar em janeiro”, disse o carioca. “Tem quatro, cinco deputados que têm a intenção de disputar a eleição, todos são ótimos candidatos, e acho que não é hora de tratar disso. Aqueles que acham que estou tratando de eleição no fundo são os que só pensam em eleição”, acrescentou.

Ao ser questionado se acredita que Arthur Lira e seus apoiadores é que estão com foco na eleição, Rodrigo Maia foi lacônico: “Eu acho que é o candidato do Bolsonaro”. “Eu acho não, o Bolsonaro está dizendo isso para os partidos, pelo menos é o que estão me dizendo. E acho que é legítimo ele ser o candidato do Bolsonaro. Não tem problema nenhum. O Arthur é um ótimo líder e, tendo o apoio do presidente Bolsonaro, é um candidato forte”, declarou o presidente da Câmara, pontuando, entretanto, que o momento não é o mais adequado para travar a disputa.

“Acho que esse assunto precisa ficar mais para frente. Eu de fato não acho que a gente deva olhar a comissão de Orçamento, o plenário da Câmara, olhando a eleição. E ele [Lira] está dizendo que não está, ótimo. A partir da próxima semana a gente vai conseguir voltar a aprovar medidas provisórias, destrancar a pauta. Agora é óbvio que, pelo que eu recebo de informações de presidentes de partidos, [que] o presidente Bolsonaro apoia o Arthur Lira. É o candidato dele e é legítimo que o presidente tenha o seu candidato”, concluiu.