Foto: Egi Santana/ G1

Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) aponta que cerca de 1/3 dos restaurantes da Bahia podem falir, se não houver uma mudança no atual cenário da crise econômica causada pela pandemia do nov coronavírus. Segundo a pesquisa, dos mais de 51 mil estabelecimentos de Salvador, cerca de 17.243 não devem reabrir as portas mesmo depois da pandemia.

“Falar em colapso, não significa apenas o colapso dos bares e dos restaurantes, significa dos seus fornecedores, dos seus colaboradores, significa toda uma cadeia produtiva que vai do campo à mesa, sofrendo bastante com esse processo”, disse o presidente executivo da Abrasel, Luiz Henrique do Amaral.

Um dos reflexos da crise no setor é o número elevado de demissões. De acordo com a Abrasel, cerca de 25 mil funcionários foram demitidos em Salvador. A pesquisa também revelou que dos 6 mil donos de bares e restaurantes, 35% não vão reabrir, mesmo após a pandemia.

“A relação com os colaboradores, ou seja, salários, mão de obra, depois você trabalha com aluguéis dos seus imóveis, os fornecedores, os impostos e as contas de água e de luz. Todos esses elementos são fundamentais para que a gente tenha capacidade de reabrir e tem um elemento, que hoje é um dos mais perversos, que 100% dos empresários necessitam de créditos e apenas 20% deles alcançaram a capacidade de alcançar esse crédito”, apontou o presidente, como motivos para falta de animação dos comerciantes retomarem as atividades.

A reabertura do setor depende da taxa de ocupação nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que precisa ser de no máximo 70% e permanecer assim por pelo menos cinco dias. No dia 24 de julho, o prefeito ativou a fase 1, que contemplou shoppings e lojas do comércio de rua.

O empresário Carlos Alexandre Sousa, dono de uma rede de restaurantes, não deve reabrir para o público, mesmo mesmo com a liberação da prefeitura.

“É um custo alto para reabrir e trazer os funcionários de volta, readaptar a todos os padrões, que são necessários, mas já é mais um custo. O meu receio é de reabrir e depois ter que fechar novamente, depois de alguns dias”, disse.

Dono de cinco restaurantes, o empresário precisou fechar duas unidades e para continuar com o negócio, demitiu 130 dos 250 funcionários. Carlos Alexandre começou a investir nas vendas delivery e com retirada na frente do restaurante (Take-away).

“O que estou conseguindo é pelo menos pagar as contas e segurar um pouquinho, negociei o aluguel. Com o restaurante funcionando tem um drink, são vários produtos, e assim [delivery], não, você só pede o prato. A gente teve uma redução de 70% do faturamento”, contou o empresário.

O empresário Fernando Koch, dono de um mercado, decidiu investir em uma obra de ampliação da área externa. A medida será somada com a criação de um aplicativo e cardápios com QR Code.

“Estamos agora ampliando com a área externa, que é uma área para 48 pessoas. Muita gente pergunta se eu vou investir nesse momento, mas é a tendência. Se você não fizer isso, você acaba não progredindo”

“É fato que as empresas têm de buscar inovar na forma de atender, a gente vai ter aqueles cardápios digitais, todos com QR Codes nas mesas e vamos desenvolver um aplicativo para que a pessoa, pelo próprio celular, possa pegar o cardápio, comprar os produtos, sem ter muito contato com as pessoas que trabalham nas lojas”, concluiu Fernando. G1