Agência Brasil

Mais de 60% das famílias de Salvador estão endividadas. É o que apontam os dados de uma pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA). No mês de junho, o patamar chegou a 64,8% e é considerado o número mais alto desde novembro de 2020.

Segundo o órgão, esta é a segunda alta seguida e corresponde a 4,3% a mais que no mês anterior, chegando ao total de 602 mil famílias endividadas. Já a inadimplência, quando o consumidor não paga a dívida até a data do vencimento, subiu de 23,2% em maio para 25,7% neste mês. São cerca de 239 mil famílias com contas atrasadas na capital baiana.

Roquelise Oliveira não tem um emprego formal e disse que trabalha como pode para colocar comida na mesa, no entanto, nem sempre consegue deixar as contas em dia. “Às vezes fico um mês sem pagar uma água, no outro mês já fica uma luz, aí deixo de comprar alguma coisa em casa para comer. Carne mesmo é um absurdo, eu não compro”, relata a autônoma.

Quem também passa por uma situação parecida é o guarda municipal Ubirajara Azevedo. Ele explicou tem tentado usar menos os eletrodomésticos, mas como a família está passando mais tempo em casa por causa da pandemia, as contas de gás, água e energia, que chegavam a R$ 350 por mês agora passam dos R$ 600.

“A maioria dos nossos equipamentos andam desligados, a gente está fazendo o máximo para economizar. Mesmo assim, a gente sofre com os constantes aumentos que vêm inviabilizando manter essas contas em dia. Pagamos uma, atrasamos duas”, comenta Ubirajara. Apesar da situação de endividamento das famílias, o especialista Guilherme Dietze afirma ser um sinal positivo para a economia.

“O ideal é o seguinte: o aumento do endividamento com a redução da inadimplência. O que a gente está vendo agora no mês de junho é um aumento do endividamento com uma estabilidade da inadimplência. É um bom sinal para a retomada da economia”, explica o economista. Ainda de acordo com a pesquisa da Fecomércio-BA, o cartão de crédito é o principal tipo de dívida dos soteropolitanos.

Cerca de 91,7% das famílias de Salvador estão com dívidas no cartão. “Aí que mora o perigo, porque se a família tem um descontrole financeiro e não acompanha esses gastos ao longo dos meses, pode entrar em uma bola de neve, já que a taxa de juros do cartão de crédito é lá no alto e qualquer descontrole pode prejudicar e muito o orçamento da família”, alerta Guilherme Dietze. G1