Agência Brasil

Mais de um terço da população brasileira busca reduzir o nível de consumo de bens e serviços em 2021. Segundo a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira, realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), cerca de 35% das pessoas entrevistadas pretendem consumir menos no ano que vem. Outros 41% afirmaram que vão manter nível de consumo.

Para 25% dos entrevistados que disseram querer reduzir o consumo em 2021, o fato de ter conseguido economizar dinheiro durante a pandemia do coronavírus é o principal motivo para tentar reduzir gastos no ano que vem.

Algumas mudanças no consumo de bens, segundo o levantamento, tendem a continuar no próximo ano. Quase um terço (32%) dos entrevistados pretendem continuar a comprar mais alimentos no supermercado, 30% pretendem manter o consumo de produtos de limpeza e 29%, o consumo de produtos de higiene pessoal.

Produtos como roupas, bolsas, acessórios e calçados, que a população afirmou ter reduzido o consumo na pandemia, devem registrar uma retomada em 2021. Um em cada quatro entrevistados diz que irá comprar mais esse tipo de produto no próximo ano.

Esse percentual fica em quarto no ranking de perspectivas de consumo para os próximos 12 meses, perdendo apenas para produtos de maior prioridade, como alimentos no supermercado, produtos de limpeza e produtos de higiene pessoal.

Brasileiros querem poupar mais dinheiro

Além disso, um dos benefícios de gastar menos com compras é a possibilidade de usar o dinheiro de outras formas, inclusive guardá-lo para possíveis emergências. A pesquisa da CNI revela que seis em cada 10 brasileiros, cerca de 59%, pretendem poupar mais em 2021, do que poupavam antes da pandemia.

“Considerando a população que pretende poupar mais (ou iniciar poupança em 2021), a principal razão para guardar mais dinheiro, apontada por 54% dos entrevistados, é a vontade de ter recursos para usar em uma emergência”, aponta a CNI.

Já na análise da parcela da população que pretende guardar menos dinheiro do que no período anterior a pandemia — ou que continuará sem guardar dinheiro —, 50% afirmam não ter dinheiro suficiente para guardar e 14% deram como motivo o fato de ter que pagar dívidas. Além disso, outros 13% afirmaram que não pretendem poupar, pois tiveram queda nos rendimentos.

Auxílio emergencial

O estudo também traça um panorama do auxílio emergencial. Dos entrevistados, 42% se cadastraram para receber o benefício e conseguiram o auxílio do governo, enquanto que 11% fizeram o cadastro, mas não foram contemplados. Entre os brasileiros beneficiados pela ajuda, 17% afirmaram que sua renda aumentou ou aumentou muito no período.

Alimentos, roupas, produtos de higiene, limpeza, ou algum outro tipo de bem consumo foram os principais itens comprados por metade da população que diz ter recebido auxílio emergencial (49%). Outros 30% disseram ter usado o dinheiro para pagar contas e 18% para honrar dívidas. Apenas 2% dos entrevistados conseguiram guardar o dinheiro. A pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira é feita a partir de 2 mil entrevistas realizadas pelo Ibope Inteligência em 127 municípios no período 17 a 20 de setembro de 2020.