Agência Brasil

O lançamento e exibição do documentário “Em Nome de Deus”, que narra os bastidores da investigação contra João de Deus, motivou novas denúncias de crimes sexuais em desfavor dele, segundo o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Atualmente, João de Deus, que sempre negou as acusações, cumpre prisão domiciliar.

O documentário, que estreou no último dia 23 de junho, tem seis episódios e está disponível no Globoplay. De acordo com o promotor de Justiça Luciano Meireles, de lá para cá, só ele recebeu quatro novas denúncias, mas que o número pode ser bem maior.

“Depois do documentário, algumas vítimas vieram nos procurar, mas não foi algo uniforme. Precisamos compilar os números porque tem mais cinco promotores que atuam no caso e não sei quantas consultas eles tiveram”, disse.

Meireles afirma que das mulheres que o procuraram nos últimos dias, há algumas que já tinha ido ao MP antes, mas não se sentiam seguras para relatar os abusos – o que foi incentivado pelo documentário. Ele destaca ainda que o “fato novo”, no caso a série sobre João de Deus, estimulou as mulheres a votarem a denunciar.

“Ficamos alguns meses sem procura. O marco foi o documentário. A gente vê que a vítima precisa de algo interno, precisa quebrar uma barreira para falar. A barreira pode ser em casa, a vergonha. Toda vez que o caso vem à tona, novas vítimas procuram o MP”, pontua.

Conforme Meireles, desde que o primeiro caso foi revelado, em dezembro de 2018, no programa Conversa com Bial, o MP recebeu mais de 500 consultas com informações sobre crimes atribuídos a João de Deus. Destes, 320 mulheres o denunciaram. Ao todo, ele já foi denunciado 14 vezes pelo MP, sendo doze por crimes sexuais. Ele já foi condenado três vezes:

  • 1ª – Por posse ilegal de arma de fogo, condenado a 4 anos em regime semiaberto, novembro de 2019;
  • 2ª – Crimes sexuais cometidos contra quatro mulheres, condenado a 19 anos em regime fechado, dezembro de 2019;
  • 3ª – Crimes sexuais cometidos contra cinco mulheres, sentenciado a 40 anos em regime fechado, janeiro de 2020. G1