O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, afirmou nesta quarta (19) que, se o tribunal ainda for “o Supremo”, a decisão dele terá de ser obedecida. Mais cedo, nesta quarta, Marco Aurélio mandou soltar todas as pessoas que estiverem presas por terem sido condenadas pela segunda instância da Justiça. A decisão atinge diretamente o ex-presidente Lula, preso desde abril por ter sido condenado pelo TRF-4.

 

“Se o Supremo ainda for o Supremo, minha decisão tem que ser obedecida, a não ser que seja cassada”, afirmou segundo informações do Blog do Valdo Cruz do G1. Questionado pelo blog se algum juiz pode não acatar a decisão, Marco Aurélio repsondeu: “Vai ser um teste para a nossa democracia, para ver se as nossas instituições ainda são respeitadas”.

 

O ministro Marco Aurélio relatou que vinha tentando pautar o tema no plenário do Supremo Tribunal Federal durante todo este ano, mas o tribunal não colocava a ação em julgamento. Para o ministro, “os tempos mudaram”, isso porque, na opinião dele, quando o caso é urgente, o plenário deve analisar rapidamente. “Achei que não podia encerrar o ano no Poder Judiciário sem tomar uma decisão sobre o assunto, por isso tomei uma decisão”, disse.

 

Indagado, então, se teme ser criticado, afirmou: “Magistratura é opção de vida. Não ocupo cadeira do Supremo voltado a fazer relações públicas. É o meu dever seguir minha consciência, e temos de cumprir o nosso dever”. Desde 2016 o STF entende que a pessoa pode ser presa após ser condenada pela segunda instância da Justiça. Ações no tribunal, contudo, visam mudar o entendimento.

 

Isso porque o artigo 283 do Código de Processo Penal estabelece que as prisões só podem ocorrer após o trânsito em julgado, ou seja, quando não couber mais recursos no processo. Além disso, o artigo 5º da Constituição define que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Esse artigo, segundo a própria Constituição, não pode ser modificado por emenda aprovada pelo Congresso por ser “cláusula pétrea”. O tema será julgado definitivamente pelo STF em abril do ano que vem.