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Marcio André Nepomuceno Garcia, o MC Marcinho, que morreu neste sábado (26), teve uma carreira marcada por sucessos do chamado funk melody, mas também por muitos problemas de saúde. Tantas intercorrências tiraram o cantor do palco e atrapalharam sua carreira em alguns momentos de ascensão. Marcinho, que ficou conhecido como Príncipe do Funk, estourou nos anos 1990, época do auge da Furacão 2000.

Seu primeiro sucesso foi o “Rap do solitário” (“Amor, por que você me trata assim? / Apenas quero te fazer feliz…”). Popularizou o funk com letras que contavam o dia a dia da juventude das favelas e periferias do Grande Rio, e dizia que cantava o “Funk do bem”, sem pornografia ou letras apelativas.

Após a primeira década de sucesso, ele sofreu um grave acidente em 2006, e ficou oito meses no hospital. A van onde estava com sua equipe bateu em um ônibus, causando a morte de duas pessoas.

Muito ferido, Marcinho foi levado a um hospital particular, sob risco de precisar amputar uma das pernas — o que não aconteceu. O artista não tinha plano de saúde, e os custos da internação o levaram a gastar todo o dinheiro que havia acumulado na carreira. Para se recapitalizar, voltou aos palcos ainda de cadeira de rodas, com a perna imobilizada, e em recuperação.

Tiros no carro da família

Ainda em 2006, meses após o acidente, bandidos deram quatro tiros em direção ao carro de Marcinho e da família durante uma tentativa de assalto. Apenas a mulher dele ficou ferida levemente, na mão, por estilhaços.

A volta a fazer shows de pé foi em 2008. Afastado da grande mídia, ganhava dinheiro com shows em festas de aniversário, 15 anos e casamentos. Em 2019, outro susto: um princípio de infarto o levou novamente ao hospital. Em 2020, chegou a ser internado no CTI devido a complicações da Covid.

Ao receber alta da terapia intensiva, ele postou um vídeo agradecendo a todos que o ajudaram e o apoiaram, falou ao público para levar a sério a doença. No ano seguinte, o funkeiro ficou em coma por quatro dias em decorrência de uma infecção bacteriana no pé esquerdo. A doença atingiu o pulmão, e Marcinho passou mais três meses no hospital.

A última internação havia sido em julho de 2021, quando o cantor implantou um marca-passo devido a problemas cardíacos. Foi justamente para ajustar esse marca-passo que o Marcinho foi hospitalizado pela última vez, em maio deste ano.

Uma parada cardíaca, no dia 10 de julho, o levou para o CTI, onde foi necessário o uso da ECMO, uma espécie de pulmão artificial, que troca o gás carbônico por oxigênio no sangue, fora do corpo. Dias depois, foi implantado um coração artificial no cantor, mas ele não resistiu. Mc Marcinho costumava cantar: “Diz pra mim o que seria de mim se não fosse o funk.” Mas o que teria sido do funk sem MC marcinho? G1