Após ser interrogado na Delegacia de Investigação Criminal (Deic) e passar por exame de corpo de delito noIML, o médium João de Deus seria levado para o núcleo de custódia do complexo penitenciário de Aparecida de Goiânia. As informações são da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária. O local é destinado a presos vulneráveis, como idosos e de saúde mais frágil, e aqueles que correm algum tipo de risco.

 

As celas da unidade possuem chuveiro com água fria e camas de alvenaria com colchonetes. Não há informações se o médium dividirá o espaço com outros. Os internos têm direito a uma hora de banho de sol e a quatro refeições: café da manhã, almoço, lanche e jantar. João de Deus se entregou à polícia na tarde de domingo, depois de dias de negociações.

 

Ele estava na zona rural, perto do município de Abadiânia, interior de Góais, local onde mantém a Casa de Dom Inácio de Loyola, onde teriam ocorrido os supostos abusos sexuais dos quais ele é acusado por cerca de 300 ésspas. O encontro dele com as autoridades ocorreu na encruzilhada de uma estrada de terra no município, às margens da BR 060. A negociação foi feita entre o advogado de João de Deus, Alberto Toron, e a Polícia Civil.

 

No início da noite de domingo, em entrevista a jornalistas, em frente ao Deic, o delegado geral da investigação que apura casos de abuso sexual envolvendo João de Deus disse que as acusações contra o médium serão definidas considerando caso a caso.

 

A declaração de André Fernandes foi feita em entrevista a jornalistas na noite de domingo (16), em frente à Deic, em Goiânia, onde o médium presta depoimento. Ainda segundo o delegado, os depoimentos das 15 mulheres ouvidas até agora pela Polícia Civil de Goiás chamam a atenção pela singularidade, na forma que descrevem o modus operandi do médium João de Deus nos casos de abuso sexual.

 

Os depoimentos, colhidos em três inquéritos da Polícia Civil, dois deles de agosto deste ano, são “contundentes, precisos” e com muitos detalhes, de acordo com Fernandes. “A palavra da vítima, nessas circunstâncias, tem relevância muito grande. Está aí a necessidade de depoimentos detalhados”, disse ele. “Vários depoimentos que conseguimos reforçam um comportamento de abuso e o padrão da ação.”

 

O delegado não revelou se houve quebra de sigilo bancário ou telefônico de João de Deus. Ele disse apenas que “há provas que não podem revelar por questões da investigação.” Em casos cujos crimes já prescreveram, as vítimas poderão servir como testemunhas de outros processos.

 

Sobre a possibilidade de uma acareação entre João de Deus e as mulheres que o acusam por abuso sexual, Fernandes disse que isso ficará a critério do líder da investigação. A polícia também apura se funcionários e voluntários que atendiam na Casa de Dom Inácio de Loyola podem ter sido coniventes com os supostos crimes.