Em dois jogos contra o São Paulo, o Bahia virou a maré de atuações e resultados ruins fora de casa. Se sofreu e acabou derrotado por Botafogo e Athletico nas primeiras partidas longe de Salvador, pelo Campeonato Brasileiro, o Tricolor teve desempenho consistente nos dois confrontos seguintes contra a equipe paulista, um pelo Brasileiro e outro pela Copa do Brasil, quando foi seguro na defesa e eficiente no ataque.

Mas, para isso, uma mudança de estratégia foi essencial. Depois de perder e sofrer quatro gols nos jogos contra Botafogo e Athletico, o técnico Roger Machado decidiu mudar o time titular do Bahia e escalar uma equipe mais resguardada defensivamente para as partidas seguintes contra o São Paulo.

Em campo, o treinador sacou Eric Ramires e montou uma trinca de volantes com Gregore, Douglas Augusto e Elton, todos com maior capacidade de enfrentamento físico que o camisa 10. Deu certo, e o Tricolor não foi vazado nenhuma vez nos dois confrontos.

Diante do São Paulo, o Bahia variou entre marcação média e baixa, diferente até da primeira partida contra a equipe paulista, quando também marcou a saída de bola do adversário. Contudo, a ideia do treinador não era apenas colocar em campo mais volantes com características defensivas. Roger vê Gregore, Douglas e Elton como jogadores com capacidades distintas que se complementam e ainda permitem ao time atacar e oferecer riscos ao adversário.

– A gente tem que compreender o que é função, característica e posição. O Douglas [Augusto] é um jogador de meio com qualidade para jogar. Elton é um meio-campo que consegue transitar para fazer o jogo ofensivo em jogadas de tempo e ocupar a área com muita velocidade. Gregore é um jogador de cabeça de área, que marca bem e tem bom passe. Tenho jogadores técnicos à frente – explicou Roger após a partida contra o São Paulo.

Dos últimos quatro jogos disputados longe de Salvador, o último contra o São Paulo foi aquele em que Bahia teve menor posse de bola (34,2% contra 65,8% dos mandantes)*. Apesar disso, o time baiano praticamente equiparou o número de finalizações com o adversário: concluiu nove contra 12 do São Paulo. Para isso, Roger contou com dois jogadores abertos nas pontas com velocidade: Élber e Artur.

Portanto, o Bahia dos últimos jogos não foi um time que buscou cadenciar o jogo (acertou 295 passes contra 453 do São Paulo), mas atacar de forma direta apostando nos contra-ataques e velocidade dos seus jogadores. Foi assim que surgiu o gol de Élber em jogada com Rogério na última quarta-feira (contando com uma pitada de sorte também).

E quase o segundo, quando Rogério chutou em cima do goleiro. Por conta disso, o técnico do Bahia cogita manter o sistema até para alguns jogos em casa. “Talvez em casa a gente possa fazer uso dessa estratégia também. Prova que a estratégia funcionou. Um empate e uma vitória importantes para a gente”, disse Roger Machado.

O ponto em questão está no jogador referência. Fernandão não foi bem nos dois jogos contra o São Paulo e foi substituído no último por Rogério, que encaixou melhor no jogo. Para os próximos compromissos do Bahia, Gilberto volta a ficar à disposição, assim como Arthur Caíke. Fica a dúvida sobre quem o treinador vai escolher para a próxima partida em casa, contra o Fluminense, e o jogo de volta diante do São Paulo, também na Fonte Nova. Globoesporte Foto: EC Bahia