Foto: Shutterstock

A mobilidade social no Brasil deve ser bastante reduzida nos próximos anos, acompanhando um fenômeno típico de países com alta desigualdade de renda. Os dados são de relatório feito pela Tendências Consultoria, obtido com exclusividade pela GloboNews.

Mesmo considerando o aumento de renda para as classes D e E devido ao aumento no Auxílio Brasil (de R$ 400,00 para R$ 600,00) essa ampliação das transferências sociais não será suficiente para garantir o enxugamento das classes D e E no curto prazo.

A classe C – cuja renda varia entre R$3,0 mil e R$ 7,2 mil – diminuiu desde o início da pandemia e não deve recuperar o patamar de 2020 (23,1 milhão de domicílios) até 2024. A previsão é a quantidade de lares fique em 21,1 milhões em 2022 e 21,7 em 2023.

De acordo com o relatório, a inflação atinge mais a classe C, que depende exclusivamente do trabalho como fonte de renda e por isso deve ter menor crescimento, já que os salários estão sendo corroídos pela alta dos preços.

Já as classes D e E não devem diminuir: pelo contrário, devem aumentar. Em 2020 eram 36,6 milhões de domicílios na camada da população com renda inferior a R$ 3 mil. Em 2022, o Brasil deve atingir 40,7 milhões de lares na camada mais vulnerável da população.

A projeção para 2023 é de novo aumento, atingindo 41 milhões de pessoas. Segundo o relatório, o maior entrave ao crescimento da renda das sociais mais pobres é a educação não revertida em produtividade.

De acordo com o economista responsável pelo estudo, Lucas Assis, à medida em que os dados são desagregados por classe de renda, é possível ver disparidades bastante marcantes, que indicam que o efeito da inflação é relativamente maior para a população que depende unicamente dos seus salários.

Para Assis, programas de transferência de renda temporária, como o Auxílio Emergencial em 2020 e 2021, e agora com a ampliação do antigo Bolsa Família no programa Auxílio Brasil, não resolvem as questões estruturais do Brasil. G1