O prefeito de Milagres, Cézar de Adério (PP), é acusado de ameaçar de morte um pré-candidato a vereador do município, Jeferson Andrade (PT), conhecido como Jefinho. Em vídeo publicado nas redes sociais pela vítima, é possível ouvir um homem dizer que vai arrancar a cabeça do petista – e também um disparo de arma de fogo. Segundo Jeferson, a voz é do prefeito, enquanto o tiro teria partido de um dos seguranças do gestor. O caso aconteceu na noite deste último sábado (25), por volta das 22h. O prefeito de Milagres alega ter sido vítima de armação no episódio em que é acusado de ameaçar de morte o pré-candidato a vereador da cidade.

Ele também nega que um de seus seguranças tenha dado disparo de arma de fogo. O barulho, contido em vídeos divulgados nas redes sociais seria de bombas, segundo o gestor. A 3ª Companhia Independente da Polícia Militar (Milagres) confirmou ter atendido a ocorrência após ser acionada pelo pré-candidato e informou que identificou suspeitos envolvidos no episódio, sem citar nomes. Os vereadores da Câmara de Milagres buscaram algumas informações e aguardam a manifestação das autoridades competentes.

O que diz os vereadores do município

A presidente da Câmara afirmou que ficou preocupada com a situação da vítima “que estava em sua casa, em pleno sábado a noite”, e que tais fatos mostram o quando a sociedade deve permanecer vigilante contra os atos de autoritarismo e violência. Afirmou que como mulher e cidadã do município está estarrecida e se solidarizou com a vítima dos ataques, lembrando que, em episódio anterior, a sua residência e a dos vereadores de sua bancada, também foram alvo de explosão de bombas e ataques de palavras de agressividade. Ainda disse que, o ato comentado de forma intensa pela comunidade, possa talvez ser considerado um crime de ódio, pois revelou uma atitude machista, que certamente causou dano emocional na vítima. Quando perguntada sobre as providências que a Câmara poderia tomar, lembrou que se trata de fatos supostamente criminosos e que seriam apurados pelos órgãos competentes e que até o presente momento não houve qualquer pedido ou comunicação oficial ao Poder Legislativo.

“As ameaças feitas a qualquer cidadão de nosso Município, são ameaças feitas a todos”, afirmou o Vereador Gil, que se disse chocado com a “atitude de um político, nos dias atuais, tenta acuar uma pessoa de bem em sua própria casa”. Afirmando ser homossexual, não entendeu por que o prefeito teria dito que o companheiro da Sra. Gerusa seria “viado” como forma de ofensa, “esta postura do prefeito mostra claro viés homofóbico” e que deverá ser repelido, pois “só se encontra em pessoas que não tem amor no coração, mas o ódio de tudo e de todos, de mulheres, de homossexuais, crianças, pobres, o ódio que não conhece limites”, pois “uma pessoa que ama e é amada, no sábado a noite, estava em casa ou com as pessoas que ama”, afirmou o vereador.

A vereadora Regina, envolvida na política do município já há muitos anos, viu neste fato a manutenção da infeliz história de violência contra as mulheres, agravada pelo fato de ter sido praticada pela pessoa que ocupa o maior cargo político no Município. “Sou do tempo que os homens de bem davam exemplo, que o Prefeito era pessoa respeitada e não ia a casa de mulheres durante a noite ameaça-las”, lembrou. A vereadora também fortaleceu a fala da vereadora presidente, relembrando momentos em que sua residência fora alvo de ataques e desrespeito no ano de 2018.

O Vereador Jânio, mostrou-se preocupado com a possibilidade de instauração do caos, pois Milagres é formado por uma população ordeira e que não está acostumada a enfrentar esse ambiente de conflito. Já o Vereador Neto, demonstrou preocupação com a paz e a segurança do município, desejando que tais acontecimentos não voltem a acontecer para que não inicie uma escalada de violência e, principalmente por ser um ano eleitoral, não se deve desencadear o desespero de atos de violência, ameaças e crimes contra a vida e honra das pessoas. Mas todos afirmaram acreditar na celeridade na apuração de tudo que ocorreu e seu julgamento pelo Poder Judiciário.