Foto: Ricardo Stuckert / PR

A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, afirmou na sexta-feira (27) que a pasta que chefia “está de pé” e precisa levar à população o “real sentido” dos direitos humanos, que não pode ser distorcido e propagado como uma “proteção a bandidos”.

Macaé deu as declarações durante cerimônia, no Palácio do Planalto, de posse no cargo de ministra. O evento, promovido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com a presença da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), ocorreu 18 dias após a nomeação de Macaé.

Ela substituiu o jurista Silvio Almeida, demitido após se tornarem públicas denúncias de assédio sexual. Anielle Franco teria sido uma das vítimas. Almeida nega as acusações.

🔎Além de Anielle Franco, que se emocionou na cerimônia, a escritora Conceição Evaristo, de quem a nova ministra é prima, também marcou presença no evento.

“Para quem diz que este ministério tem desafios demais, eu respondo com Guimarães Rosa: “Todo caminho da gente é resvaloso. Mas também, cair não prejudica demais, a gente levanta, a gente sobe, a gente volta!” O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania está de pé, está vivo. Temos tarefas concretas e muita coisa por fazer”, declarou Macaé Evaristo. Após demitir Almeida, Lula anunciou em 9 de setembro a escolha da nova ministra , deputada estadual em Minas Gerais e filiada ao PT.

Macaé, na ocasião, afirmou que as denúncias de assédio na pasta devem ser investigadas com rigor e com o “amplo direito de defesa”. Ela também defendeu respeito à privacidade das denunciantes. Em três semanas no Ministério dos Direitos Humanos, Macaé trocou parte da equipe que estava na pasta e acompanhou Lula em viagens.

Desafio

Durante o discurso desta sexta, Macaé afirmou acreditar ser a “vocação do ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania cuidar da diversidade do país.” Reforçou o impacto dos direitos humanos materializado na vida das pessoas comuns e citou sua trajetória. “Tomo posse como ministra sabendo que minha maior credencial é ser uma professora absolutamente comum, mulher preta, professora, assistente social”, mencionou a nova ministra.

“Infelizmente, na nossa sociedade brasileira, muita gente tem concepção que direitos humanos é uma coisa de quem defende bandido. A gente tem um desafio fundamental para construir a ação destes ministérios. A gente precisa entender tensão entre afirmação e negação dos direitos humanos”, prosseguiu Macaé.

Macaé também ressaltou haver uma “nova investida do capital” que aposta na segregação social, racial e ambiental para “legitimar a opressão e extermínio de milhões de pessoas” como ela própria.

Outro ponto destacado pela nova ministra foi a família. Nesse contexto, ela destacou a necessidade de moradia e de crianças estarem na escola, mas também ressaltou a capacidade empreendedora da favela e de financiamentos públicos para negócios. “Cuidar dessas mulheres, dessas famílias, é uma tarefa fundamental”, emendou. G1