O Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) decidiu na terça-feira (2) arquivar um inquérito administrativo disciplinar aberto para investigar o procurador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol em razão de uma entrevista na qual ele criticou o Supremo Tribunal Federal (STF).

Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, deu uma entrevista à rádio CBN em 15 de agosto de 2018, criticando uma decisão da Segunda Turma do STF. Um dia antes, a Turma havia determinado a transferência de termos de colaboração premiada da Odebrecht da Justiça Federal em Curitiba para a justiça federal e eleitoral do DF. O material dizia respeito ao ex-presidente Lula e ao ex-ministro Guido Mantega.

Na entrevista, Dallagnol disse que os ministros que votaram a favor da decisão (Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski) formavam uma “panelinha” e mandavam uma mensagem “muito forte de leniência a favor da corrupção”.

“Agora, o que é triste ver é o fato de que o Supremo, mesmo já conhecendo o sistema, e lembrar que a decisão foi 3 a 1, os três mesmo de sempre do STF que tiram tudo de Curitiba e que mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre formando uma panelinha, assim mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção”, afirmou Dallagnol.

“Objetivamente, não estou dizendo que estão mal intencionados nem nada. Estou dizendo que, objetivamente, a mensagem que as decisões mandam é de leniência. E esses três de novo olham e querem mandar para a Justiça Eleitoral como se não tivesse indicativo de crime? Isso para mim é descabido”, disse o procurador.

Para a maioria dos integrantes do Conselho Superior do MPF, entretanto, a fala não extrapolou do direito de liberdade de expressão.

O procurador é alvo de um pedido de abertura de processo disciplinar pelos mesmo fatos, mas em outro foro: o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A decisão sobre abertura ou não do processo foi interrompida na semana passada por um pedido de vista. G1 Foto: Reprodução Agência Brasil