Agência Senado

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu, em audiência pública nesta quarta-feira (14), na Câmara dos Deputados, que existe uma desproporção na distribuição de vacinas entre os estados que pode chegar a 100%. O ministro foi confrontado sobre o problema pelo deputado federal Jorge Solla (PT), que apresentou uma planilha em que cruza a população dos estados com as doses distribuídas: numa ponta, o Amapá recebeu doses que representam 50% de sua população; na outra, Rondônia e Tocantins, com 101%. A Bahia recebeu doses correspondentes a 62% da população é o 14º estado do ranking.

“Essa desproporção é porque não estão levando em consideração a população de cada estado, nem mesmo a pirâmide etária. A discrepância é gigantesca. Não corresponde também com a velocidade que os estados tem recebido vacinas e aplicá-las. A Bahia é o segundo estado mais rápido do país em aplicar doses. Eu até entenderia se fosse variação pequena, mas não é o caso. Eu peço encarecidamente que o Ministério da Saúde pudesse rever essa distribuição e atender a demanda dos estados que estão com quantitativo de doses de vacina muito inferior, como é o caso da Bahia”, destacou Solla.

O ministro, em resposta, afirmou que levará essa questão para a próxima reunião da Comissão Tripartite, que reúne o ministério com representações de secretários de Saúde municipais e estaduais. “A questão do número de doses para estados, o deputado Jorge Solla falou, vamos discutir, já que vencemos os grupos prioritários, já recebeu ao menos a primeira dose, para que se reveja esse critério de distribuição adotando só a demografia do estado, sem considerar fatores de risco, porque esses já foram contemplados, para que se tenha uma distribuição mais adequada de doses”, disse.

Queiroga se isentou de responsabilidade sobre os critérios atuais de distribuição de vacinas, aprovado no ano passado com anuência dos secretários de prefeituras e governos: “Todas as vezes que me manifestei foi em defesa de higidez do PNI, das decisões da área técnica, e essas decisões, elas não foram tomadas agora. A distribuição de doses foi decidida em outubro de 2020, com o plano nacional de operacionalização. Não foi o MS que de maneira discricionária alocou número de doses X para a Bahia ou para o Rio Grande do Sul. Tudo isso foi decisão submetida à Comissão Tripartite”, disse.