Moradores da Boa Vista de São Caetano, em Salvador, reclamam da falta de abastecimento regular no bairro desde o mês de setembro de 2020. Sem água nas torneiras e com pagamentos em dia, a situação se repete na cidade de Uauá, que fica no norte da Bahia. Na capital, os moradores precisam fazer “plantão” nas torneiras durante a madrugada, à espera da água. Na Travessa Fernando Meirelles, a população diz ainda que, mesmo com o aguardo, a água só cai esporadicamente.

“Como eu moro no primeiro andar, eu preciso passar a madrugada em claro, porque, se cair – a gente não tem essa rotina de ter água, nem que seja toda madrugada – eu preciso encher. Minha casa virou uma casa de vasilhas. De baldes e vasilhas. E aí eu preciso encher para o caso de, se tiver água, fazer o abastecimento dela também. Nosso plantão é isso, desde setembro”, disse uma moradora identificada como Patrícia.

A vizinha, Sandra, conta que várias queixas já foram feitas à Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A (Embasa), que nunca deu uma resposta aos moradores. Por meio de nota, a empresa disse que mandou uma equipe ao local, nesta quinta-feira (7), para averiguar a rede de abastecimento .

“Estamos sem água desde setembro. A gente fica constantemente ligando e eles nunca têm uma resposta. Não estão fazendo nenhum trabalho por aqui e nunca têm uma resposta para dar a gente. A gente liga para a Embasa, liga para a Ouvidoria [da Embasa] e sempre a mesma coisa”, disse Sandra. A falta de água é um transtorno em qualquer período do ano, mas em tempos de pandemia preocupa ainda mais os moradores, que não têm como fazer uma higienização assídua.

“É um transtorno. Imagine, estamos vivendo no meio de uma pandemia, onde nós necessitamos de água para fazer a nossa higienização. Nós temos dois aliados no combate a esse vírus, que são a máscara e a higienização pessoal e da casa. Como fazer isso, se não tem uma gota de água dentro de casa?”, questionou Miriam, que também mora no local.

Interior

Na cidade de Uauá, a situação dos moradores é a mesma. Há cerca de três meses eles estão sem abastecimento de água. O pedido de carros-pipa se tornou constante, para que as pessoas possam fazer as atividades do dia a dia.

“É uma dificuldade para tudo. Para lavar a louça, não tem água, é despejando canequinho. Para tomar um banho, tem que ser no balde. As roupas, nós começamos a lavar e o restante fica esperando a água chegar, se, por um acaso, aparecer”, disse a aposentada Nair Rocha. Por causa do desabastecimento, os moradores fizeram um protesto na cidade, reivindicando a retomada da distribuição de água.

No caso de Uauá, a Embasa informou que os problemas de abastecimento se agravaram no dia 24 de dezembro, quando a adutora que abastece a cidade teve um vazamento. Mesmo com problema resolvido, a Embasa disse que não consegue tratar toda a água necessária para atender demanda dos moradores, por causa do sistema de captação, que é antigo.

“Estamos aqui em um sofrimento. Nessa pandemia, a gente precisa de água para fazer a higiene pessoal. Não temos água para nada. Amanhece o dia, não tem água nem para escovar os dentes”, disse o ajudante de pedreiro Manoel de Santana. G1