Mochila nas costas, R$ 40 no bolso e horas a fio de ônibus, do Rio Grande do Sul até a Bahia. Há quase 11 anos, o então técnico em TI, Jean Marquezini, desembarcava em Feira de Santana depois de deixar a casa dos pais, “na cara e na coragem”, pelo sonho de vir para cá. Chegou sem emprego, em busca de oportunidade. Coincidência ou não, a concessionária Via Bahia iniciava, meses antes, o contrato de concessão da única via pedagiada pelo Governo Federal, no estado, com 680 km concedidos, que vai do trecho da BR-324 entre Salvador e Feira e da BR-116 de Feira até a divisa com Minas Gerais.

“Comecei trabalhando em uma loja de serviços de informática, quando um dos clientes, que era na época o gerente de operação, me fez a proposta de trabalhar na Via Bahia. Eu nem sabia o que era uma concessão, mas topei na hora. A empresa tinha pouco tempo e o Centro de Controle de Operacional (CCO) estava recém-inaugurado. Entrei no atendimento do 0800 e fui promovido para operador, função que exerço hoje com essa missão de preocupação constante com todo usuário que trafega na via”, conta.

Jean circula todos os dias, fazendo esse trabalho de monitoramento, desde o início da operação da Via Bahia. São sete praças de pedágio e 15 postos de Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU). “Acompanho tudo que se passa na central de controle há mais de 8 anos. A partir do momento em que a ocorrência chega no CCO pela chamada do usuário, ela é encaminhada para a operação. Em uma ocorrência padrão, o prazo de atendimento é de até 20 minutos. Em caso de acidentes, essa espera até o deslocamento da equipe é de 15 minutos, no máximo. O monitoramento é 24h”.

O Centro de Controle de Operacional de estradas concessionadas como a Via Bahia está na mensagem exibida no painel instalado na pista que orienta o motorista sobre as condições de tráfego, nas 140 câmeras distribuídas por todo trecho, nas equipes de atendimento médico e socorro mecânico. É um atendimento a cada cinco minutos via o serviço prestado ao usuário no 0800 6000 116 (BR-116) e 0800 6000 324 (BR-324), como destaca o ceo da Via Bahia, José Bartolomeu:

“O fato de as BRs 116 e 324 serem concedidas dá mais segurança aos caminhoneiros e demais profissionais de logística que trabalham na movimentação desses produtos. Em Feira de Santana, por exemplo, a BR-116 é a principal via usada para abastecimento do centro logístico. Por aquele ponto, são escoados o açúcar e o sal de todo o Nordeste e recebidas as cargas de bens de consumo de outras regiões do país”.

Segundo dados do CCO, entre as principais ocorrências que chegam ao centro estão as panes (mecânicas, elétricas e secas), acidentes (desde os simples aos mais complexos), os pedidos de retirada de objetos da pista e casos de mal súbito. Só de panes, a média mensal é de 3.144 atendimentos. Em seguida, os números de acidentes no período respondem por 240 ocorrências. O coordenador do CCO, Elio Nogueira, pontua que, ultimamente, tem chamado atenção, inclusive, a quantidade de veículos que pediram socorro por motivo de pane seca.

“A situação da pane seca tem chamado muito a atenção da gente. Foram muitos casos desse tipo no último feriado. A percepção que tivemos é de que o condutor confiou que dava para abastecer no caminho, mas não achou um posto à disposição. A recorrência da situação nos levou a fazer uma parceria com dois postos próximos para que esse usuário tenha acesso ao abastecimento mesmo com o posto fechado para o público geral”.

Ele reforça os cuidados antes de pegar a estrada seja qual for a distância. “Fica aqui o alerta de que as pessoas sempre revisem seus veículos e programem melhor suas viagens. Nós vemos situações do tipo: o pneu fura, mas quando vai trocar o estepe está vazio, ou falta um macaco, chave de roda. E, além disso, conferir toda a documentação do carro também”, aconselha.

Em parceria com municípios e com o Serviço Social de Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat), a Via Bahia mantém um programa de atendimento a caminhoneiros que passam pela rodovia em que são oferecidas orientações sobre prevenção e cuidados com o veículo, além de acompanhamento em saúde, com aferição de glicemia, pressão arterial e testagem para covid-19. No último ano, pelo menos 6,8 mil caminhoneiros participaram da iniciativa.

Segurança 
Entre os anos de 2015 e 2020, segundo a Via Bahia, houve uma redução de 32% na quantidade de acidentes com morte e de 15% no total de acidentes nos trechos de rodovias operados pela concessionária na Bahia.

A empresária Sandra Aguiar está sempre fazendo a rota Feira de Santana – Salvador e vice-versa. “Uso muito a BR-324. Antes do pedágio era uma via cheia de buracos e eu achava bem mais perigosa. Pode melhorar? Pode e deve, mas prefiro passar pelo pedágio e saber que estão fazendo melhorias constantes e que essa manutenção vai ser feita. Qualquer socorro que eu precise sei, também, que ele vai chegar rápido”.

As panes se repetem no ranking das principais ocorrências também em outra concessionária que atua nas estradas baianas. Com base em informações do Centro de Operações da Litoral Norte (CLN), nos últimos dois anos foram relacionadas a atendimentos de pane mecânicas, pane elétricas, pane seca e atendimentos pré-hospitalares, totalizando 36% das ocorrências deste período em 2021 e 40% em 2020.  O atendimento é feito no 0800 071 3233.

“Em 2020, tivemos uma média de 21 ocorrências/dia, enquanto, agora em 2021, tivemos uma média de 26 ocorrências/dia – o que representa um acréscimo de 24%, contudo, um crescimento natural, diante do aumento de fluxo de veículos que tivemos entre os dois períodos”, comenta o gerente de operações da CLN, Daniel Ovalhe.

A empresa tem 217,7 km concedidos pelo Governo do Estado e administra a rodovia BA-099, que compreende a Estrada do Coco e a Linha Verde, conectando Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador à extensão praiana, que inclui a Praia do Sauípe até a divisa dos Estados da Bahia e Sergipe. Atualmente, a BA-099 possui um volume médio de 22,9 mil veículos/dia, considerando os últimos 12 meses. Esse volume, no entanto, é maior em feriados prolongados, podendo ultrapassar 40 mil veículos/dia.

Já com relação ao número de acidentes, no último ano, a CLN registrou uma redução de 40% na quantidade de acidentes com vítimas. “O ponto mais relevante é que a rodovia era de pista simples, sem capacidade para suportar o crescimento do Litoral Norte. O advento da concessão, os investimentos robustos em segurança, infraestrutura e a duplicação, passaram a proporcionar condições logísticas e de mobilidade, impulsionando crescimento para toda a região do litoral norte”, completa Ovalhe. (Correio da Bahia)