Bruno Wendel/CORREIO

O sobrevivente da ação que deixou quatro motoristas de transporte por aplicativo mortos em Salvador conseguiu escapar dos criminosos depois que uma das vítimas lutou com eles durante o ataque. A informação foi divulgada por familiares dos motoristas, que conversaram com o sobrevivente. O homem ainda não falou com a imprensa.

Segundo os relatos, o motorista que reagiu à ação foi Genivaldo da Silva Félix, de 48 anos. Ele foi o último a cair na emboscada dos criminosos, após aceitar uma corrida que tinha como ponto de partida a Rua do Nepal, no bairro de Jardim Santo Inácio. Todas as outras vítimas foram atraídas para o mesmo local, uma a uma. Após a luta, o motorista foi assassinado pelos criminosos com golpes de facão, com os colegas. O crime ocorreu na sexta-feira (13).

Os mortos são:

  • Sávio da Silva Dias, de 23 anos
  • Alisson Silva Damasceno, de 27 anos
  • Daniel Santos da Silva, de 31 anos
  • Genivaldo da Silva Félix, de 48 anos

O sobrevivente foi identificado como Nivaldo Santos Vieira, de 40 anos. Ainda segundo familiares das outras vítimas, o homem teria pulado em um barranco e se escondido na lama para conseguir despistar os criminosos, que perseguiram ele depois da fuga. Foi Nivaldo que acionou a polícia e passou a localização do local do crime.

No lugar, foram encontrados os corpos dos motoristas. Eles estavam enrolados em lonas de plástico. No mesmo bairro, três carros que seriam dos motoristas foram localizados. Um outro veículo foi achado no pedágio da cidade de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador. Não há informações sobre o quinto carro.

Em entrevista à TV Bahia, a esposa de Genivaldo da Silva Félix, a enfermeira Paula Bispo da Conceição, revelou também o relato do sobrevivente de que, durante a confusão, o marido dela teria dito aos criminosos que não aceitava morrer daquele jeito, e que, por isso, lutou com os homens.

“Segundo o relato do que sobreviveu, ele disse que só sobreviveu porque o coroa, como ele relatou, que é o meu marido, que era o mais velho, que não aceitava, sabia que ia morrer, e aí começaram a entrar em luta corporal, e mandava o outro correr. E aí o outro conseguiu fugir. Ele lutou, mesmo sabendo que ali não ia ter volta. Mas ele não queria aquilo ali pra mais ninguém. Ele não queria aquilo ali que ele estava sofrendo, e todos aqueles que já estavam mortos, para os outros”.

Para Paula, se não fosse a fuga, os criminosos fariam mais vítimas na ação. “Se ele não luta para o outro fugir, ia ser muito mais gente morta. Com certeza. Porque não é possível que eles [criminosos] iam parar”.

A enfermeira contou ainda que o marido atuava como motorista de aplicativo para complementar a renda familiar, e tinha saído de casa feliz na sexta-feira para trabalhar. A família pede justiça.

“Meu marido saiu de casa feliz para complementar o pão de casa. Ele trabalhava nisso para ter uma renda melhor, para complementar a renda dele. E não deixaram ele voltar para casa por pura crueldade. Só fizeram crueldade. Aquilo que fizeram foi um massacre. É crueldade demais para um ser humano que não fez nada a eles. Nenhum deles ali fez nada”.

No sábado (14), a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que um dos suspeitos do crime morreu em confronto com policiais militares na noite da sexta-feira, com um outro homem, que não tem relação com o caso. Os nomes dos dois não foram divulgados. Com eles, segundo a SSP, foram apreendidos dois revólveres, sendo um calibre 38 e um calibre 32.

Na manhã deste sábado, foram enterrados Sávio da Silva Dias e Daniel Santos da Silva. Os sepultamentos foram realizados no cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação, na capital baiana. Dezenas de familiares e amigos das vítimas participaram das cerimônias, sob forte comoção. Em entrevista à reportagem da TV Bahia durante o enterro, uma prima de Sávio disse que a família está arrasada, e também pediu justiça.

“Nossa família está destruída, porque foi um jovem de 23 anos que teve a sua vida ceifada desta forma brutal. Ele foi torturado, e é isso que nós não estamos aceitando. Se fosse uma morte natural, talvez nós estivéssemos aceitado, mas uma morte brutal dessa forma nós não aceitamos. É por isso que toda família quer só justiça. A palavra que nós queremos é somente justiça”, contou Fátima Nascimento.

Genivaldo da Silva Félix foi enterrado durante a tarde, no município de Laje, a cerca de 230 km de Salvador. Já Alisson Silva Damasceno vai ser sepultado na cidade de Camamu, no baixo sul baiano. A família não informou a data do sepultamento. G1