O Ministério Público do Estado da Bahia denunciou, nesta segunda-feira (6), três policiais militares pelo crime de tortura, durante abordagem contra um adolescente no bairro de Paripe, em Salvador. De acordo com o MP-BA, o caso aconteceu no dia 2 de fevereiro. O adolescente estava na região da subestação de energia elétrica com amigos, quando os policiais chegaram e abordaram o grupo com truculência, segundo o MP-BA.

Durante a abordagem, o adolescente disse aos militares que não era bandido e passou a ser agredido por um dos policiais com socos, pontapés e palavras “racistas e injuriosas”, com consentimento dos outros dois PMs.

O episódio foi filmado com um celular, por uma pessoa integrante do movimento de luta pela igualdade racial. No vídeo acima, é possível ver que um dos militares agride o rapaz com murros e chute, e faz insultos racistas ao se referir ao cabelo dele. Nas filmagens, também é possível ouvir o policial chamar o jovem de “viado”. O material está com a Justiça.

“Você para mim é ladrão, você é vagabundo. Olha essa desgraça desse cabelo aqui. Tire aí vá, essa desgraça desse cabelo aqui. Você é o quê? Você é trabalhador, viado? É?”, grita o militar, enquanto puxa um boné que a vítima usava. O mesmo policial chega a dar murros na costela do rapaz, além de um tapa no rosto e um chute na barriga.

Em entrevista na época do crime, o jovem relatou que tinha sido a primeira vez que acontecia uma situação daquela com ele e contou todas as agressões físicas e os insultos racistas sofridos por ele. O MP-BA detalhou que os militares constrangeram a vítima e usaram da autoridade, com emprego de violência e grave ameaça, “causando sofrimento físico ou mental em razão de discriminação e como forma de aplicar castigo pessoal”.

À época do caso, o policial que teria agredido o jovem nas imagens foi afastado das ruas e cumpria expediente administrativo até o fim das investigações e da apuração da Corregedoria da PM. Em contato com o G1, a PM informou que “o policial militar diretamente envolvido no fato está trabalhando administrativamente. Já os outros policiais que faziam a composição da guarnição estão nas atividades normais como preconiza a legislação”. G1