Um corte dentro da boca e uma mancha roxa na perna são os sinais físicos da agressão que a mulher trans, Lohana Souza, sofreu de policiais militares durante o carnaval antecipado de Juazeiro, na madrugada de domingo (28). A cena foi registrada por um folião com um celular. Lohana disse ainda que não descobriu porque foi agredida.

 

Nas imagens que circularam pelas redes sociais, a patrulha de policiais militares vai passando e um deles dá um soco no rosto de Lohana e ela desaba. Em entrevista à reportagem da TV São Francisco, a vítima relatou o susto que levou ao receber um murro do Policial Militar. 

 

“O que eu me lembro é que eu ia me aproximando perto dos policiais. Se eu não me engano, estava tendo uma briga muito mais antes, que eles fizeram uma barreira, e aí, quando eu me aproximei, do nada, quando eu menos esperei, levei um murro, que eu cheguei a desmaiar”, conta Lohana Souza. Em um outro vídeo que circulou sobre o carnaval de Juazeiro, a confusão é entre policiais e dois rapazes. O de camisa preta dá um soco em um dos policiais e corre.

 

Ele é perseguido pelo PM, mas o rapaz de branco pula nas costas do policial. O folião é imobilizado pelos PMs e retirado do circuito do carnaval. Segundo a polícia civil, o rapaz foi ouvido e liberado.

Estudante agredida
O terceiro caso denunciado sobre agressões de PMs no carnaval de Juazeiro envolve uma estudante de direito de 21 anos. Ela, que não quis se identificar, disse que também chegou a desmaiar no meio da orla Fluvial da cidade, principal circuito de Juazeiro, após a agressão de PMs.

 

“Passou um policial atrás de outro rapaz. Quando ele voltou, não conseguiu pegar o rapaz. Ele me empurrou com as duas mãos. Eu vi que ele tava com raiva, queria machucar alguém. Aí, fui falar com ele pra ter cuidado e respeito com as pessoas, ele não gostou, foi puxando o cassetete, me deu tapas e murros. Isso, uma guarnição. Depois chegou outra. Dois policiais me bateram ao mesmo tempo e os outros seguraram meus dois amigos, que são negros. Isso diz muito sobre o que aconteceu. Eu cheguei a desmaiar no meio da avenida e fui socorrida pelas minhas amigas”, contou.

 

A jovem relatou que prestou queixa na delegacia. “Eu quero justiça. Não só por mim, mas principalmente pelas pessoas que eu vi apanhando. Por meus amigos (…) e por pessoas que não têm como se defender, que eu vi sendo agredidas e também não denunciaram”, disse.

 

PM lamenta
Durante o balanço que fez das operações no carnaval antecipado de Juazeiro, o Carnajuá 2018, que durou três dias, de 26 a 28 de janeiro, a Polícia Militar disse que os registros de violência foram isolados, mas reconheceu que houve excessos nas abordagens. A PM também falou que os policiais que foram identificados agredindo os foliões serão punidos.

 

“A Polícia Militar não coaduna com esse tipo de comportamento, com esse tipo de excesso. Em momento nenhum foi a nossa orientação, mas ocorreu, e a gente tem que cortar na própria carne. Que esses fatos sirvam, academicamente, pra gente mostrar ao restante da tropa o que não deve ser feito. Porque o que deve ser feito a gente diz todo dia”, disse o coronel da PM, Anselmo Brandão.