Foto: Elói Corrêa/GOVBA

A ialorixá Jaciara Ribeiro, do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum explicou sobre a expectativa do orixá que deve reger 2021 e acredita que, diante dos acontecimentos no mundo e no Brasil, vários orixás devem estar à frente do novo ano. “Eu acho que não é um orixá só que vai reinar em 2021. Dependendo do momento que a gente esteja passando, Oxum vai convocar os outros para ajudar a ela. “Quem reinou em 2020 foi Xangô, mas como veio a pandemia, Xangô deixou Omolu cuidando da gente. Como agora a gente só vai virar a noite para 2021, a essência ainda é a morte que está no mundo, então eu não acredito que Omolu vai abandonar a gente. A minha fala tem muito do que vai acontecer no momento. Como o dia 1º dia ano é uma sexta-feira, Oxalá vem pedindo paz e acredito que Oxum vem junto com Oxalá”, explica.

O primeiro dia do ano será em uma sexta-feira, dia de Oxalá, orixá da paz. Além disso, Jaciara explica que a soma dos números do ano têm um significado e representa outro orixá. “Não só por ser o dia de Oxalá, mas 2021 também dá o número que somando dá o número 5, é o Odu Ôxê, é o Odê de Oxum. Eu sou uma filha de Oxum e acredito que vai trazer muitas águas cristalinas”. conta. Mãe Jaciara também faz uma reflexão sobre o próximo ano e aconselha: “Não adianta só usar branco, tomar banho de ervas, ou tomar banho de pétalas de rosas, mas a gente precisa tomar um banho interno”

“Jogar fora toda esse ódio, essa forma tão perversa que o ser humano ainda está convivendo com outro. Eu rogo pelo equilíbrio aos pensamentos. Oxum está, com certeza, sentado no trono de Xangô, por isso eu acho que não é um orixá que vai reinar. A gente teve exemplo das maiores casas de candomblé da Bahia que quem senta na cadeira são mulheres de Xangô. Eu acredito que todo terreiro de candomblé vai estar pedindo paz não só pra comunidade, mas para todos”, conta. A ialorixá também fez uma reflexão sobre 2020, revelou preocupação com os dados da violência no país e destacou que as pessoas precisam se colocar mais no lugar do próximo.

“É impressionante a gente terminar o ano com os índices tão elevados de feminicídio, de racismo religioso e de violência, até no momento de pandemia do afastamento social, onde mais as pessoas deixaram cair tantas máscaras. A lição maior, é a reflexão de se ver no outro. Até o “endereço” que mais se sofre é do nosso povo do gueto, do nosso povo de matriz africana, das nossas comunidades que vivem em vulnerabilidade. É um momento de reflexão de trazer esse amor que todas essas religiões têm trazido. Eu acho que o povo da Bahia precisa refletir muito como se vê no outro e respeitar a diversidade”, destacou. G1